Entrevistas com a Gloria Pires sobre o filme 'A Suspeita'

NaTelinha - 16 de junho 
Gloria Pires estreia na produção e no suspense com A Suspeita: "Montanha-russa" 



Ao NaTelinha, atriz fala sobre o filme lançado nesta quinta-feira (16) e confirma escalação para próxima novela das 19h Gloria Pires produz e protagoniza A Suspeita, filme que estreia nesta quinta-feira (16) no cinemas. 

Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, a atriz revela o que a motivou a se aventurar como produtora, trabalho inédito em seus mais de 50 anos de carreira. Ela ainda adianta os próximos projetos – e entrega que vem novela por aí. 

Em A Suspeita, Gloria Pires interpreta Lúcia, uma comissária da inteligência da Polícia Civil que é diagnosticada com Alzheimer. Ela decide se aposentar, mas, durante seu último caso, descobre um esquema criminoso e acaba alvo da investigação, comprometida com o avanço precoce da doença. Pelo papel, a atriz recebeu o Kikito de melhor atriz no Festival de Gramado, no ano passado. 

A memória, em vários sentidos, é um dos temas principais suscitados pelo filme. “A história original não trazia o lado da Lúcia na trama. O espectador observava apenas o que acontecia com ela. Minha proposta, que se realizou na montagem, foi trazer o público para vivenciar a montanha-russa que acontece na cabeça da personagem”, comenta Gloria. 

 “Amo as personagens que trazem suas fragilidades, então procurei trazer o lado comum do ser humano.” Gloria Pires O domínio sobre a condução da narrativa só foi possível graças ao trabalho como produtora. Ela conta que usou a seu favor todos os anos de trabalho como atriz. 

“Há muito tempo eu estava querendo produzir um filme. Sendo produtora, posso escolher não somente a personagem, mas também usar a minha experiência em benefício do projeto.” O trabalho como produtora não é a única estreia de Gloria Pires em A Suspeita. Também é a primeira vez que a atriz protagoniza um filme policial. 

“Gosto muito de suspense e investigação no geral, mas esse projeto foi muito singular e mais raro ainda de acontecer na televisão”, reconhece. “Quando o Pedro Peregrino foi convidado para dirigir o projeto, tinha apenas o argumento do Luiz Eduardo Soares. Nós dois e a produtora Formata, depois com a entrada do Thiago Dottori no roteiro, fomos construindo o filme juntos”, explica a veterana. 

 Ela conta que se preparou para dar vida a uma mulher de 50 e poucos anos que descobre uma doença degenerativa. “O Pedro [Peregrino, diretor] me apresentou o livro Vivendo no Labirinto, da autora norte-americana Diana Friel McGowin. Ela foi diagnosticada com Alzheimer e mesmo assim continuou em atividade.” 

 Só que as novelas seguem nos planos de Gloria. “Na televisão, estou escalada para Fuzuê, do Gustavo Reiz com direção do Leo Nogueira”, antecipa, sem dar detalhes sobre o papel na novela programada para a faixa das 19h. Na trama, ela deve viver Maria Navalha, uma cantora em carreira decadente. Os filmes também seguem a todo vapor. “Estou preparando minha primeira direção em Sexa, um longa criado por Guilherme Gonzales e produzido por Giros Filmes e Audaz”, conta Gloria. 

A história, também protagonizada por ela, será sobre uma mulher sexagenária que se sente no auge da vida e se apaixona por um homem mais novo. “Meus dois próximos projetos para o cinema são o Vovó Ninja, dirigido pelo Bruno Barreto e com minha filha Cleo, e o Desapega!, do Hsu Chien”, conta. Neste último, ela também volta a atuar como produtora.


Vogue - 15 de junho 
Gloria Pires fala de ‘A Suspeita’, filme que lhe rendeu primeiro Kikito: “Achei coerente usar um drama psicológico para abordar questões femininas” 


Em depoimento exclusivo à Vogue Brasil, a atriz conta sobre a preparação de Lúcia, personagem investigadora da Polícia Civil que convive com o alzheimer, em produção que pré-estreia hoje nos cinemas e premiou a artista no Festival de Gramado de 2020 como Melhor atriz 

 “Estávamos terminando a segunda temporada de Segredos de Justiça, quando Pedro Peregrino me convidou a ler o roteiro. A ideia me fascinou imediatamente, primeiro por ser uma história contada sobre uma mulher e vista pelo ponto-de-vista dela mesma. Achei coerente usar um drama psicológico para abordar as muitas questões femininas. Tenho certeza de que as mulheres vão se identificar com a tensão vivida por Lúcia. 

 Fiz voluntariado num asilo de idosos e conheci uma senhora que gostava de ler. Sabendo disso levei um livro do Dalai Lama. Do nada ela teve uma explosão de raiva, me xingando. Na hora, fiquei aturdida, imaginando o que teria causado aquilo. 

 Quando fui fazer a pesquisa para o filme, fiquei sabendo que essa reação é bastante comum no quadro do alzheimer. Tivemos a consultoria da Dra. Mariana Spitz e a leitura do livro Vivendo No Labirinto, de Diana Friel McGowin. E que justamente a pessoa que escreveu foi diagnostica com a alzheimer aos 45 anos. 

 A obra serviu muito como referência para personagem Lúcia – um mergulho pra mim, uma aproximação da realidade que o ator precisa para dá vida ao personagem. E isso, acabou me levando a conhecer e identificar outras questões. Foi um aprendizado posso dizer. Encontrar um personagem sempre é um momento de enorme ensinamento. 

 Conversei bastante com a Dra. Mariana Spitz, neurologista, para entender os sintomas. Sendo atriz e não estudiosa do mal de alzheimer, espero que a descoberta da causa do mal possa estar mais próxima. Então, creio que toda a oportunidade de discussão é bem-vinda, como é o caso do filme. 

 A empatia, acolhimento e disponibilidade são bem-vindos em qualquer situação. Para a família, o mais importante é entender as questões que a doença traz ao paciente e ter empatia: não pontuar os esquecimentos e nem cobrar a estabilidade do humor. Fora os cuidados que o médico recomendar, entender que, do mesmo modo que é desafiador para quem está perto, é ainda mais para quem está acometido.”

Correio Braziliense - 19 de junho 
De drama policial a aventura infantil: Gloria Pires comenta sobre carreira 

Parece irreal, mas foi apenas há 13 anos que a atriz Gloria Pires venceu o primeiro prêmio numa competição em festival de cinema, justo em Brasília, com o filme É proibido fumar. "Estou aberta à carreira no cinema", disse, à época, a intérprete de Baby, uma fumante compulsiva. 

Estranho que o prêmio tenha vindo anos depois de muita dedicação à sétima arte, com resultados potentes como O quatrilho, indicado ao Oscar em 1996; e Memórias do cárcere (1985), que, sob direção de Nelson Pereira dos Santos, lhe rendeu o papel de Heloísa, a esposa de Graciliano Ramos. 

Desde a última quinta, Gloria Pires, aos 58 anos, é o principal chamariz de A suspeita, no qual desfila o talento, na pele da atordoada Lúcia, uma policial confusa pela crescente ação do Alzheimer no seu dia a dia. 

Lúcia rendeu novo prêmio para Glória, dada como a melhor atriz, no último Festival de Gramado, justo pelo filme que lhe trouxe o recente desafio de investir na carreira de produtora. Ainda com mistério, a atriz já sinalizou a vontade de estrear na direção do primeiro longa, sob o estímulo de Pedro Peregrino (diretor dela em A suspeita e ainda, na televisiva Éramos seis). 

No mais recente filme, uma brecha importante povoa a fala de um dos personagens, a postos para lembrar que "sem memória, não existe país". A suspeita, pelo tratamento delicado ao Alzheimer, mostra a protagonista esquecendo coisas no fogão e tendo dificuldades em assimilar pistas no quebra-cabeças da profissão, que avança em temas como queima de arquivos. 

Curiosamente, num momento de violência candente e que coloca o Brasil sob os holofotes negativos da mídia, é a estrela do blockbuster Se eu fosse você que, indiretamente, confirma retrocessos do país: há 40 anos, na estreia em cinema, com Índia, a filha do sol, a atriz carioca já desbrava uma trama de fundo ecológico que alinhava garimpo e violência. 

Qual a tua contribuição na cinematografia brasileira? Como vê a ação da arte na pandemia? O setor cultural está fragilizado? 
Difícil responder à esta pergunta da contribuição: só o futuro dirá. Quanto à cultura, vejo o setor fragilizado, por um lado, mas, sempre, resistindo. Resistência está no cerne da própria atividade. Todos precisamos nos ver e nos reconhecer, ouvir nosso idioma e transmitir nossa história. 

Ao assumir um personagem como a Lúcia, que, indiretamente, traz mensagens de etarismo e de aposentadoria, como percebe teu comprometimento social? 

Amo as personagens que trazem suas fragilidades. Acredito que a função social das manifestações artísticas é dialogar com as questões da vida quotidiana, apontando portas, janelas ou caminhos. A arte não só é feita para ser apreciada mas, principalmente, questionar nossa forma de viver e ver o mundo. 

Você criou e administra um método de interpretação pessoal? 

Sou autodidata, não tenho uma formação acadêmica, mas posso dizer que me considero uma atriz stanislavskiana, desde que ganhei de meus pais o livro A preparação do ator, que me acompanha até hoje e ao qual sempre retorno. Sou atraída pelas personagens que, dentro de sua fragilidade humana, superam suas limitações, por algo maior — as chamadas heroínas. Nise da Silveira, de Nise — O coração da loucura; Dona Lindú, de Lula, o filho do Brasil; Lota de Macedo Soares (Flores raras) e Lúcia, do filme atual. Também me atraem projetos onde possa explorar novos possibilidades ou e gêneros. 

Como será viver uma agitada vovó ninja, no próximo filme? Que cuidados reserva para trazer entretenimento junto a crianças? 

Estou animada. O filme fala sobre algo que todos experimentamos na pandemia: o exercício da convivência, seus momentos difíceis e suas delícias, com humor e reflexões comuns a todas as idades! 

A Lúcia tem questões quanto ao futuro... Como você lida com o próprio envelhecimento? 

Lido bem com o envelhecimento. Vivo o presente, em direção ao futuro e envelhecer está nesse escopo. Me cuido direitinho e todos os meus esforços são no sentido de conquistar e manter uma boa saúde, com alimentação orgânica, atividade física e repouso equivalente. Meu pai (o ator Antônio Carlos) era praticante de yoga e me habituei a vê-lo acordar às 5h para praticar. 

Como percebe a criação no cinema nacional? Você nota ter alargado horizontes da produção? Como avalia a presença da família Barreto na popularização do audiovisual? 

Cada vez há mais interesse na diversidade, não só sobre o tema do projeto em si, mas também dentro da equipe e elenco, o que é excelente tanto para os profissionais quanto para o público. A família Barreto (Luiz Carlos, Lucy, Fábio e Bruno) é uma referência para o nosso cinema, inclusive um símbolo de resistência. Além da amizade entre nossas famílias, fizemos trabalhos importantes, que me deram muita alegria. Tenho um carinho especial por cada um deles e muita gratidão. 

Vê com que naturalidade o advento do streaming e as mudanças de eixos nas relações de trabalho ocasionadas? 

Os streamings querem produzir novelas, mas as séries tem seu lugar garantido. A tevê sempre namorou a estética do cinema. As novas tecnologias estão tornando isso mais viável, com as telinhas cada vez maiores. 

Você é espectadora voraz de novelas? E quem são os grandes ícones da interpretação capazes de te arrebatarem? 

Nunca fui noveleira, mas algumas me pegaram. Vou citar as quais não participei: Cordel encantado, Os ossos do barão e O Bem Amado. Minhas referências são: Sonia Braga, Yara Amaral e Ary Fontoura.

Gshow - 17 de junho
Gloria Pires vive policial com Alzheimer em filme de suspense: 'Revivi situações em que me vi ameaçada' 

Além de atuar em ‘A Suspeita’, a atriz tem já tem planos futuros para começar a dirigir e trabalhos na TV 

 Presentão de poder ver Gloria Pires nas telonas novamente? Temos! Nesta quinta-feira, 16/2, a atriz estreia nos cinemas o suspense policial "A Suspeita", de Pedro Peregrino. E ela está voltando em grande estilo, ok? Com o filme, Gloria ganhou um dos prêmios mais respeitados do audiovisual no país, o troféu Kikito do Festival de Gramado. 

 Na obra, Gloria vive Lúcia, uma investigadora da Polícia Civil do RJ diagnosticada com Alzheimer que passa a planejar sua aposentadoria. O problema é que durante o que seria seu último caso, ela descobre que está associada ao esquema e luta para distinguir o que é realidade e o que é invenção durante os lapsos de memória. 

Sobre a construção do personagem, a atriz destacou: "Eu sou autodidata, não tenho formação acadêmica. Quando tinha 14 anos, ganhei de meus pais o livro “A Preparação do Ator”, do mestre russo Stanislavski, que segue sendo o método que uso: o sentir-se a si mesmo. No caso de Lúcia, busquei reviver situações em que me vi ameaçada e vulnerável, sentimento que permeia todo o filme." 

 A atriz também reforçou a complexidade de sua personagem. "O drama onde Lúcia se encontra mergulhada traz toda a dimensão humana da personagem. A sua força reside no compromisso de fazer valer a pena tudo o que ela precisou abrir mão para atingir excelência. Sua fragilidade a fortalece." 

Um novo passo Com 50 anos de carreira, Gloria Pires mergulhou em um novo desafio: produzir e atuar em um suspense policial. Ao Gshow, ela contou que está animada para essa nova fase e já deu um spoiler do que vem por aí. "É uma nova fase na carreira e na vida pessoal, sim. Sinto minhas energias renovadas e estou preparando minha primeira direção, com 'Sexa'."


Folha de São Paulo - 9 de junho 
Gloria Pires em nova fase da carreira, ela produz e estrela 'A Suspeita' 

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