Gloria fala sobre o filme Besame Mucho


BESAME MUCHO conta a história de dois amigos, XICO (JOSÉ WILKER) e TUCA (ANTONIO FAGUNDES), que se casaram com duas amigas, OLGA (GLÓRIA PIRES), e DINA (CHRISTIANE TORLONI) e viveram sonhos, realizados ou não.
O filme começa na época atual, com a crise das relações dos dois casais: XICO está se separando de OLGA e TUCA está enlouquecido, ameaçando DINA com uma faca. A partir desses fatos, a história passa a ser narrada do fim para o começo.
Primeiro vem o efeito e depois vão se descobrindo as causas.
XICO veio do interior para São Paulo e é escritor de sucesso. Só que seus livros são escritos por sua mulher OLGA, que também veio do interior, exilou-se em Paris em- 1968 e criou reputação como socióloga.
TUCA é amigo de XICO desde a infância, permaneceu no interior como homem de negócios realizado e se casou com DINA, que escolheu ser esposa e mãe. Mas ela tem a cabeça cheia de ensinamentos religiosos e por isso vive as mais loucas fantasias sexuais na tentativa de auto-conhecimento.
As relações desses casais são mostradas como um retorno no tempo, com passagem por baile de debutantes, colégio de freiras, concurso de Miss Brasil, PT, machismo e feminismo, Marilyn Monroe, AI-5, as lutas políticas de 1968, a revolução de 64, namoros nas noites interioranas de domingo, ejaculação precoce e tudo o que foi importante na vida dos personagens.
Esse retorno mágico e realista no tempo, descreve a amizade entre dois homens—nascidos na mesma cidade do interior—que viveram a alegria dos anos 60, o desencanto dos anos 70 e a queda na real dos anos 80. Um retorno que, no final, chega às causas que fizeram dos personagens o que eles são: o namoro com as duas garotas, ingênuas e simples, ao som da música que dá nome ao filme.

Depoimento de Gloria Pires (Olga)

No começo da sua história o meu personagem é bem simplório—o de uma moça do interior, um pouco tola, até infantil. Depois, por contingências, ela vai morar em Paris, onde muda a cabeça. Quando volta, é outra pessoa. Mas casa com o namoradinho de infância. Aí começam os seus conflitos.
Eu adorei fazer a Olga porque me identifico bastante com alguns dos seus aspectos. Por exemplo, no tocante à sua necessidade de melhorar, de crescer, de se aprimorar. Isso eu também tenho. Além disso, ela tem uma necessidade de ser dona da verdade que eu também já tive. Só que, no meu caso, quando percebi, passei a me policiar para não virar uma Maria Mandona.
Quem faz o meu parceiro, o Xico, é o José Wilker. Já tinha trabalhado com ele em televisão, mas apenas como diretor. Ele me dirigiu na novela Louco Amor. Descobri em BESAME MUCHO que é um barato contracenar com ele, coisa que eu desconfiava e desejava há muito tempo.
Quanto ao filme, ao contrário do que muita gente pode pensar, o seu assunto não é política. Ela entra como pano de fundo. O principal no filme é a ingenuidade dos personagens, a falta de informação, em todos os sentidos, da geração retratada. Foi o começo da liberação sexual e havia muita fantasia na cabeça das pessoas. Outro ponto importante é o amor. O filme tem três enfoques bem diferentes sobre o amor. Todos eles muito bem tratados.
Fiquei fascinada também pelo carinho que a produção do filme tinha pelas pessoas. Tudo era muito profissional, mas muito gentil O ambiente era calmo. O cronograma foi cumprido à risca, outra coisa que para mim é inédita. Tudo sem nenhuma correria, sem nenhuma pressa. Isso era muito tranqüilizante.
Por todos esses motivos, gostei demais de fazer BESAME MUCHO. Gosto de fazer cinema.

Fonte de pesquisa:
Mario Prata on line

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