Gloria Pires, sobre polêmica na noite do Oscar: "Não vou pautar minha vida por isso"
Atriz, que lança o filme 'Nise - O Coração da Loucura', fala sobre a cerimônia e seu trabalho como a psiquiatra do longa que estreia
Faz quase dois meses que Gloria Pires parou o Brasil e dominou as redes sociais com sua participação na cobertura do Oscar deste ano, em que dividiu opiniões por causa de seus comentários curtos e sinceros sobre os filmes indicados e a cerimônia. "Quem quiser entender já teve a oportunidade. Gravei até um vídeo sobre isso", afirma ela, que acaba de voltar de Paris, onde participou do lançamento do filme 'Nise - O Coração da Loucura', no 18º Festival de Cinema Brasileiro. Agora, todas as suas atenções estão voltadas para a estreia no Brasil do longa em que interpreta a revolucionária psiquiatra alagoana Nise da Silveira (1905-1999), dia 21. "O equilíbrio da afetividade com a dureza dela foi um ponto importante para a construção da personagem", diz Glória, que conversou com a coluna sobre o novo trabalho, empolgada.
Houve controvérsia quanto à sua participação na cobertura do Oscar. Muitos elogiaram a sinceridade com a qual se colocou e outros questionaram seu conhecimento cinematográfico. Passado tudo isso, o que você tem a dizer?
Nada além do que já foi dito. Gravei até um vídeo a respeito. Quem quis entender já teve oportunidade. Não vou pautar minha vida por isso. Não quero falar mais disso, não é o meu trabalho. Fui convidada como uma atriz e assim fui.
Nada além do que já foi dito. Gravei até um vídeo a respeito. Quem quis entender já teve oportunidade. Não vou pautar minha vida por isso. Não quero falar mais disso, não é o meu trabalho. Fui convidada como uma atriz e assim fui.
Como foi o seu processo de imersão na vida e obra de Nise?
Procurei os livros que ela escreveu e algumas pessoas que ela citava. O que me ajudou demais foi assistir às entrevistas dela, para pegar seu jeito. Ela tinha um senso de humor afiadíssimo e também era muito dura e firme nas suas colocações, embora fosse uma pessoa que pautasse o trabalho pelo afeto. O equilíbrio da afetividade com a dureza foi um ponto importante. Ela tinha uma forma muito seca. Chegava até a ser grosseira. Para se colocar, ela podia ferir. Roberto(Berliner) é um diretor muito atento e muito presente. Assim como me abriu as portas para ter minha opinião sobre ela, etambém não se privou de opinar, como grande diretor que é.
Já fez análise?
Na verdade, não. Fiz poucas sessões de análise num período da minha vida, que era uma coisa emergencial. Quatro sessões não opera nenhuma mudança em ninguém. Mas acho que, para o ator, todas as experiências valem a pena. Estão aqui dentro de mim. Posso acessá-las. Em algum momento, tenho elas no meu arquivo. "Tudo vale a pena se a alma não é pequena."
Na verdade, não. Fiz poucas sessões de análise num período da minha vida, que era uma coisa emergencial. Quatro sessões não opera nenhuma mudança em ninguém. Mas acho que, para o ator, todas as experiências valem a pena. Estão aqui dentro de mim. Posso acessá-las. Em algum momento, tenho elas no meu arquivo. "Tudo vale a pena se a alma não é pequena."
Você consultou algum psiquiatra para a sua pesquisa?
Não. Eu fiquei em torno do pensamento dela. A possibilidade de ouvi-la foi muito boa. Eu dormia, às vezes, e ela continuava falando. Isso ia entrando no meu inconsciente. Procurei reproduzir o que eu achei que era a rotina dela durante os 30 anos em que ela trabalhou no hospital. Queria saber nas cenas, por exemplo, a que horas aquilo se passava. Em que temperatura isso estava acontecendo? Porque tudo acontecia no Engenho Dentro. Estava amanhecendo? Era hora do lanche? Era um calor de 3 da tarde? O processo foi bem sensorial. Até ensaiei com sotaque, mas depois do diretor achou que seria um efeito de distração.
Como se sentiu ao assistir à sua interpretação?
Normalmente, eu não me assisto. Tanto em TV quanto em cinema, eu não costumo ver. A não ser que haja alguma dúvida. É raro. No processo do filme, assisti a ele inteiro um tempo depois apenas, filmamos em 2012. Percebi em todos uma emoção à flor da pele.
Você sabe que é uma grande atriz. Como lida com isso?
Nunca pensei sobre isso como um objetivo alcançado. Quando você abraça uma profissão, você quer ser o melhor. Quer realizar o que quer que seja para ter uma carreira vitoriosa. Fico feliz que gostem de mim, do meu trabalho, que curtam a minha página no Facebook. Faço tudo para o público. Eu amo o processo de busca. Estar com os colegas. Ouvir o que os diretores têm a me dizer. Amo tudo, principalmente me arriscar.
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