Gloria Pires celebra volta de 'Vale Tudo' e relembra Maria de Fátima: 'Com ela, passei à idade adulta'

Novela icônica de 1988 chega ao Globoplay neste domingo, 19/7. 

Maria de Fátima, personagem de Gloria Pires em 'Vale Tudo', era ambiciosa e mau-caráter — Foto: Acervo/CEDOC

A icônica novela Vale Tudo, que foi ao ar na Globo originalmente em 1988 e marcou para sempre a dramaturgia brasileira ao retratar as mazelas humanas e sociais do Brasil como poucas novelas o fizeram até aquele ano, poderá ser assistida novamente a partir de domingo, 19/7, no Globoplay. 

A obra, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères e dirigida por Dennis Carvalho, Ricardo Waddington e Paulo Ubiratan, é uma das mais importantes da história da televisão, dona do mistério que fez o Brasil parar se perguntando “quem matou Odete Roitman?”, personagem inesquecível de Beatriz Segall. 

Entre tantos personagens que marcam a trama, o autor Gilberto Braga destaca a relação entre Raquel Accioli (Regina Duarte) e a filha Maria de Fátima (Gloria Pires). “Achei que esse antagonismo ia conquistar o espectador”. E de fato foi memorável! 

Gloria Pires em 'Vale Tudo', de 1988, e em 'Éramos Seis', de 2020 — Foto: Acervo TV Globo | Paulo Belote/Globo

Com apenas 25 anos de idade, quando deu vida à personagem, Gloria Pires pontua que Maria de Fátima foi uma das mais importantes de sua carreira. 

"Foi um divisor de águas, na vida e na carreira. Foi com ela que passei à idade adulta e também para um outro patamar profissionalmente", destaca a atriz. 

Em Vale Tudo, Maria de Fátima, ao contrário da mãe, que sempre batalhou para sobreviver honestamente, é movida por seu desejo quase doentio de subir na vida e com aversão à sua origem e à pobreza, é capaz de passar por cima de tudo e todos para atingir seus objetivos. "(Ela é) Uma jovem mulher ambiciosa e sem empatia. Creio que se encaixa no perfil psicopata", avalia Gloria. 

No início da trama, a jovem vende a única propriedade da família, no Paraná, e foge com o dinheiro para o Rio de Janeiro para tentar a carreira de modelo. Desesperada e preocupada, Raquel vai atrás de Maria de Fátima e passa a vender sanduíches na praia. Enquanto a filha se alia a César (Carlos Alberto Riccelli), um aproveitador do mais baixo calão que a estimula a seduzir o milionário Afonso Roitman (Cássio Gabus Mendes) e se casar por interesse.

Hoje, Gloria aponta qual, na sua opinião, foi a pior de todas as coisas que a Maria de Fátima aprontou: "Sem dúvida, deixar a mãe desamparada". Ela também relembra a cena que mais lhe marcou. 

"Houve uma cena que fiquei bloqueada. Era com o pai, Rubinho. Ela o desclassificava, como “fracassado” que era, o humilhava"

Maria de Fátima (Gloria Pires) deu o golpe na mãe e foge para o Rio de Janeiro, em 'Vale Tudo' — Foto: Acervo/CEDOC

Para a atriz, que já tem 50 anos de carreira, o maior desafio de interpretar Maria de Fátima, aos 25, foi fazer uma personagem "cerebral". 

"Antes de qualquer coisa, preciso dizer o quanto adoro essa novela. O melhor do estilo Gilberto Braga está lá, com todas aquelas tintas do folhetim tradicional. O meu entendimento era que Maria de Fátima era uma personagem cerebral, eu busquei fazê-la desprovida de empatia, como os psicopatas são, em vez de acentuar os atos condenáveis que cometeu contra a própria mãe"

Gloria ainda comenta que, com o enorme sucesso que fez na época, a novela acabou por criar um vínculo muito grande com público, nunca visto antes. "Acho que Vale Tudo inaugurou uma questão que eu não havia reparado antes, nas novelas, a empatia do público com a vilania. Isso é muito interessante porque a crítica social que a novela traz é muito próxima", finaliza.

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