Gloria Pires em entrevista para o Jornal Correio

Ronaldo Jacobina - 26/07/2020

Atriz passa a quarentena com a família na sua fazenda no interior de Goiás e faz planos para voltar à TV na próxima novela de João Emanuel Carneiro
Foto reprodução instagram

Quando foi declarada a pandemia, Éramos Seis, novela protagonizada pela atriz Gloria Pires, foi a única que contou sua história até o fim porque todas as cenas já haviam sido gravadas. Tão logo as gravações acabaram, a artista reuniu a família e partiu para sua fazenda no interior de Goiás, onde permanece até hoje, cumprindo uma rotina carregada de amor, música e muita oração. 

Considerada a maior atriz brasileira de sua geração, Gloria Pires está aguardando a vida voltar ao normal para retomar seus projetos profissionais que incluem uma novela do autor João Emanuel Carneiro e dois filmes. Até lá, segue curtindo a família e a vida simples do campo, onde planeja morar um dia, quando se aposentar. De lá, a atriz faz uma pausa na sua rotina familiar para conversar, com exclusividade, com o CORREIO. 

 A novela Éramos Seis acabou no isolamento social. Como foi viver a Lola? 

 Foi uma sorte conseguirmos terminar a novela. Foi um trabalho tão especial, tudo colaborou para dar certo. Além do sucesso de público, foi um enorme sucesso internamente. Havia um prazer genuíno no encontro dos colegas. Posso dizer que será inesquecível. 
Gloria Pires como Lola na novela Éramos Seis (Foto:Raquel Cunha/TV Globo)
Logo depois você seguiu com a família pra fazenda no interior de Goiás. Como tem sido a quarentena reunindo todos? 

Estamos vivendo um dia depois do outro, com muita oração e todos os cuidados. Temos o privilégio de podermos ficar em casa. Rotina alterada, como de todo mundo, mas o fato de estarmos juntos acalma o coração. Atividade física moderada, alimentação idem... A minha casa vive cheia de música, o que é um santo remédio contra a ansiedade e tristeza. Cada um procura acolher o outro, nas horas em que o medo e a incerteza querem dominar. Temos uma rede de amor aqui. 

Tem acompanhado a política do país? 

Acompanho à distância, o quanto possível, na tentativa de não me abalar com as notícias, mas tem sido bem difícil! Tenho a sensação de que estamos vivendo num quadro do Porta dos Fundos, com as falas absurdas que nos atingem todos os dias. Rezando pra isso passar logo... 

Você viveu muitos momentos difíceis ao longo de sua vida por conta de boatos, das fake news, num tempo em que não havia redes sociais. Como você vê essa campanha de ódio e disseminação de mentiras nas redes sociais? 

A fofoca faz parte da vida das pessoas e deve ser combatida, diariamente. A internet é um veículo de inclusão muito importante, por isso creio ser urgente uma legislação que não somente puna os criminosos, como balize as boas práticas nas redes. Tenho uma equipe muito responsável e antenada. Rede social não é brincadeira e todo o cuidado é pouco. 

Que projetos você tem para o pós-pandemia? 

Tenho a novela de João Emanuel Carneiro e dois longas-metragens, aguardando a retomada. 

Que lições você acredita que a pandemia deixará para a humanidade? 

Eu estou aprendendo muito sobre mim mesma. Todos nós fomos obrigados a repensar nossas práticas e costumes, cada um dentro de sua realidade. 

 Acha que o segmento de cultura vai demorar para voltar? 

No formato tradicional, creio que sim. Fomos os primeiros a sair de circulação. Por isso é tão bem-vinda a Lei Aldir Blanc. Há muitos profissionais da cultura em extrema necessidade. 

Quatro filhos e mais de 30 anos de casamento feliz. Qual o segredo? 

 Não tem receita. Os obstáculos têm sido vencidos pela nossa amizade verdadeira, pela confiança e porque temos nossos projetos e mantemos a individualidade e o respeito. 
Gloria e Orlando com os filhos Cléo, Antônia, Ana e Bento (Divulgação)
Você é família. Tem vontade de ser avó? 

Muita! Mas sem pressão... 

Você começou a carreira ainda menina. Tem saudosismo? 

Não sou saudosista. Sempre acho o presente melhor, porque guarda a possibilidade de olhar pra frente, projetar possibilidades e partir para a realização. 

Você chegou a gravar um disco no passado, e vez por outra, aparece cantando com Orlando ao piano, além dos seus filhos Ana e Bento estarem flertando com a música. Qual o lugar da música na sua vida? 

Amo música. Tem importância fundamental na minha rotina. Nossos filhos recebem todo o nosso apoio, para o que decidam fazer como carreira. 

Você pensa em aposentadoria? O que fará quando parar? 

Penso, sim. Certamente irei viver no meio do mato. Tenho essa fantasia. 

Você tem uma boa relação com a Bahia, onde tem casa e amigos. O que a atrai aqui? 

A Bahia é como uma mãe, que a todos recebe de braços abertos. Ter amigos verdadeiros aí nos ligou com mais força a terra, com sua cultura e suas tradições, que são encantadoras.

Gloria Pires gosta da vida perto da natureza (Reprodução/Instagram)

Fonte:
Site Jornal Correio

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