Dias de Gloria

A atriz que começou a atuar ainda criança, tem sua carreira passada a limpo

Se você espera que Gloria Pires faça confissões e revelações bombásticas, esqueça. Biografia autorizada, como o nome diz, traz apenas o que o biografado aceita que seja publicado. É uma homenagem aos 40 anos de carreira da atriz, mas sempre se acredita que algo novo pode ser acrescentado.

Editado pela Geração, responsável por biografias como a de Cássia Eller e Roberto Carlos, que teve a distribuição proibida, a obra não faz jus ao perfil da editora. O texto é redondinho, envolvente até, mas falta aquele “algo mais”. Em 25 capítulos, Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti fazem um apanhado sobre a carreira de Gloria Pires de forma cronológica.

Recheado de imagens, é daqueles livros para ler rapidinho, em uma tarde. Embasado por pesquisas, não vai muito além do que um fã nada fervoroso conheça. Vez por outra, uma curiosidade, como o hábito de fumar, que Gloria admite ter adquirido os 12 anos e abandonado há algum tempo. Para fazer a protagonista do premiado É Proibido Fumar, teve que recorrer a cigarros sem nicotina, produzidos nos Estados Unidos.

Há ainda algumas, poucas, vezes em que a atriz admite ter sido escolhida para o papel errado ou faz uma crítica mais ácida a um autor ou elenco. Nada que diminua a imagem imponente. Por conta do estresse e de estafas pelo excesso de trabalho, Gloria teve várias passagens pelo hospital. Uma delas foi durante as filmagens de A Partilha. Com orçamento baixo, que não possibilitava paradas, o diretor Daniel Filho bancou a equipe enquanto a atriz se recuperava. Consideração nem sempre dispensada por Daniel, que foi responsável pela primeira grande decepção de Gloria. Em 1971, ela foi reprovada por ele em um teste para um papel na novela A Pequena Órfã.

Os primeiros capítulos, que abordam infância, adolescência e o início da carreira, são os mais interessantes. Neles, Gloria demonstra ter passado por problemas comuns à idade, como momentos de insegurança e até bullyng na escola. Filha do ator Antônio Carlos Pires, Gloria cresceu em meio às produções televisivas e, naturalmente, tomou gosto pela profissão. Da vida pessoal, conta rápidas passagens, como as duas gestações interrompidas e o nascimento dos quatro filhos. O casamento com Fábio Júnior mereceu uma breve citação. Já o episódio em que supostamente o marido Orlando teria se envolvido com Cleo – filha de Gloria com Fabio Júnior – sequer foi citado. Na entrevista concedida à assessoria de imprensa, Gloria diz:

– Este episódio não faz parte de nenhum trabalho meu e não foi gerado por algo verdadeiro, que tivesse acontecido em minha vida. O fato, falso, gerou processos judiciais e ganhamos todos. O livro não é sobre minha vida pessoal, é sobre minha carreira.

E é bem isso: um apanhado sobre a carreira. O livro 40 Anos de Gloria é uma referência importante sobre uma atriz que deixou sua marca na televisão e no cinema.

Personagens de novela como Maria de Fátima, deVale Tudo e as gêmeas Ruth e Raquel, de Mulheres de Areia, e Helena, do filme Se Eu Fosse Você, comprovam que nada comprometeu uma carreira gloriosa.

ROMÍ DE LIZ

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Fonte de pesquisas:
Diário Catarinense (Link original, aqui)
Foto do site oficial

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