Os encantos de Gloria Pires
Biografia narra a trajetória de uma das principais atrizes do país hoje em dia. Não faltam detalhes como o início complicado de sua carreira
Ana Clara Brant
Seu nome já foi Maria de Fátima, Ruth, Raquel, Nice, Maria Moura e, mais recentemente, Lindu, a mãe do presidente Lula. Mas, acima de tudo, ela é Gloria, nome mais do que apropriado para essa carioca de 46 anos que se tornou uma das atrizes mais admiradas e talentosas do país. E foi pelo fato de praticamente ser uma unanimidade que os escritores Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti decidiram colocar no papel a trajetória artística de Gloria Pires. 40 anos de Gloria (Geração Editorial), livro com previsão de lançamento para o começo de julho, é uma biografia autorizada da artista que revê toda a sua carreira e traz ainda curiosidades como os dois convites feitos pela revista Playboy para posar nua, as cirurgias dentárias reparadoras, a tatuagem no pé, além dos frequentes problemas de saúde.
“O livro surgiu no final de 2001. Eu apresentei o projeto para a Glorinha, que topou na hora. Em seguida, de tão empolgada, ela já combinou as entrevistas que me cederia — foram horas e horas de gravações. Ela estava participando da novela Desejos de Mulher e não hesitou em passar as suas folgas comigo, praticamente o dia todo, em sua casa, gravando as entrevistas”, lembra Eduardo. O projeto teve que ser interrompido devido a um problema pessoal na vida do autor. Só em 2008 foi retomado, quando convidou o amigo e escritor Fábio Fabrício Fabretti para embarcar nessa empreitada. “Fábio já acumulava uma experiência na carreira literária que eu não tinha. Ele já havia lançado livro até fora do Brasil, como Portugal, Alemanha. Foi uma boa parceria”, diz.
Eduardo conta que sua admiração por Gloria Pires, surgiu desde muito pequeno, quando assistiu à reprise da novela Vale Tudo, em 1992, no horário de Vale a Pena Ver de Novo. “Tinha poucas lembranças da exibição original, em 1988. Na reprise, atestei que aquela, pra mim, era a maior atriz de todos os tempos”, exagera.
Polêmica
O livro foca, sobretudo, na carreira de Gloria Pires e quem espera ler detalhes sobre o relacionamento dela com o cantor Fábio Junior ou mesmo a polêmica história envolvendo a filha Cleo e o marido da atriz, Orlando Morais (em 1998, surgiu um boato de que Cleo teria um caso com Orlando e que a Gloria havia tentado se suicidar), pode se decepcionar. Aliás, esse episódio nem é retratado na obra.
“Tudo no livro tem o tamanho que tem a importância na vida da Gloria. Se o assunto Fábio Júnior no livro é pequeno, é por um simples fato: ele não faz parte da vida dela, faz parte de um passado. Está lá, é citado, e ponto. Quanto ao boato, íamos abordá-lo, sim, mas um jornal carioca publicou uma matéria em que o boato era o principal assunto, como se ele fosse mais importante do que o livro todo. Não queríamos que um assunto ou outro tomasse proporções drásticas, como bem gosta a imprensa sensacionalista. O que nos interessa é a carreira dela, sua trajetória, os bastidores de cada trabalho e sua opinião sobre a arte que produz”, defende Eduardo.
Gloria atualmente mora em Paris e está sendo disputada para estrelar a próxima novela das 8, Lado a Lado, de Gilberto Braga, e também a de Aguinaldo Silva, que estreia logo em seguida, em que Eduardo é colaborador, inclusive. “Confesso que estou um pouco nervoso; ansioso, até. Contar ainda com a Glorinha protagonizando a nossa novela é uma oportunidade que, como falei ao Aguinaldo, eu comparo ao cometa Halley: só acontece de 76 em 76 anos. Eu me sinto muito honrado e privilegiado por fazer parte do time de colaboradores do Aguinaldo Silva, e ainda escrever para esse elenco maravilhoso. Mas, nervosismo à parte, sei que ela vai me deixar muito à vontade, muito tranquilo, pois Glorinha é generosa demais”, ressalta.
Trecho
"Desde cedo, a pequena Gloria já demonstrava uma inclinação para o mundo das artes: desenhava, representava personagens da tevê, cantava — em especial o tema italiano do personagem Ciccilo, interpretado por Sérgio Cardoso na novela O Cara Suja , da TV Tupi.
Também adorava brincar no estúdio onde era gravada a novela A Muralha, em que seu pai atuava, e ficava perplexa com o tamanho dos cenários — na verdade, eles pareciam maiores do que eram, devido ao fato de Gloria ser muito pequena. Sempre que podia, Dona Elza levava a filha para ver o pai em cena.
Ainda nessa mesma época, em férias na casa de seu tio materno João Marques, que morava em São José dos Campos, interior de São Paulo, Gloria sofreu seu primeiro acidente. Sentada na garupa da bicicleta, que era conduzida por sua irmã mais velha, Linda, ela prendeu o pé nos aros do pneu traseiro.
Além do susto, o acidente foi tão grave que quase lhe quebrou os ossos, o que gerou uma frustração na menina que adorava calçar os sapatos de salto alto de sua mãe e desfilar pela casa. O ortopedista recomendou aulas de balé para auxiliar em sua recuperação.
Linda, nove anos mais velha que Gloria, não deixava de participar do universo da irmã caçula. Foi Linda, inclusive, quem ajudou Gloria a se alfabetizar, devido às brincadeiras de professora e aluna, o que fez com que Gloria já entrasse na escola lendo algumas palavras e identifi cando alguns fonemas.
Também brincavam de Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e improvisavam desfi les, para os quais Linda maquiava e vestia a irmã caçula com requinte, empolgada pelos concursos de miss da época.
Dona de uma fértil imaginação, Gloria provocava risos com as histórias que criava. Uma delas era a respeito do seu nascimento. Ao saber que havia nascido via cesariana, fantasiava que o médico abria uma porta na barriga de sua mãe e colocava uma escadinha, por onde ela descia, exatamente como faziam nos musicais cinematográficos.
Por acompanhar a novela Os Estranhos, da TV Excelsior, na qual Regina Duarte interpretava uma extraterrestre, Gloria fantasiava também sobre sua origem. Dizia ser interplanetária, alimentando-se de pastilhas de íons — na verdade, de chocolate.
Se as adversidades financeiras e de saúde, por vezes, eram presentes na família Pires, Gloria amenizava tais problemas com suas tiradas engraçadas, que levava todo mundo às gargalhadas. Uma delas foi sobre o comercial de sabonetes Rexona, cujo slogan era Com Rexona, sempre cabe mais um!. Um dia, seus pais estavam de saída e disseram que não ela iria, pois não havia espaço no carro. Gloria retrucou: “Eu tomei banho com Rexona, agora, eu entro em qualquer lugar!”.
Gloria sempre se mostrou organizada, cuidando da sua aparência, zelando por suas bonecas, arrumando suas roupas e adorava os trabalhos domésticos, o que lhe custou o apelido de Dona Baratinha, personagem do conto infantil, porque varria a casa com uma fita amarrada na cabeça, cantando: “Quem quer namorar com a Dona Baratinha, de fita no cabelo e dinheiro na caixinha?”.
Seu nome já foi Maria de Fátima, Ruth, Raquel, Nice, Maria Moura e, mais recentemente, Lindu, a mãe do presidente Lula. Mas, acima de tudo, ela é Gloria, nome mais do que apropriado para essa carioca de 46 anos que se tornou uma das atrizes mais admiradas e talentosas do país. E foi pelo fato de praticamente ser uma unanimidade que os escritores Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti decidiram colocar no papel a trajetória artística de Gloria Pires. 40 anos de Gloria (Geração Editorial), livro com previsão de lançamento para o começo de julho, é uma biografia autorizada da artista que revê toda a sua carreira e traz ainda curiosidades como os dois convites feitos pela revista Playboy para posar nua, as cirurgias dentárias reparadoras, a tatuagem no pé, além dos frequentes problemas de saúde.
“O livro surgiu no final de 2001. Eu apresentei o projeto para a Glorinha, que topou na hora. Em seguida, de tão empolgada, ela já combinou as entrevistas que me cederia — foram horas e horas de gravações. Ela estava participando da novela Desejos de Mulher e não hesitou em passar as suas folgas comigo, praticamente o dia todo, em sua casa, gravando as entrevistas”, lembra Eduardo. O projeto teve que ser interrompido devido a um problema pessoal na vida do autor. Só em 2008 foi retomado, quando convidou o amigo e escritor Fábio Fabrício Fabretti para embarcar nessa empreitada. “Fábio já acumulava uma experiência na carreira literária que eu não tinha. Ele já havia lançado livro até fora do Brasil, como Portugal, Alemanha. Foi uma boa parceria”, diz.
Eduardo conta que sua admiração por Gloria Pires, surgiu desde muito pequeno, quando assistiu à reprise da novela Vale Tudo, em 1992, no horário de Vale a Pena Ver de Novo. “Tinha poucas lembranças da exibição original, em 1988. Na reprise, atestei que aquela, pra mim, era a maior atriz de todos os tempos”, exagera.
Polêmica
O livro foca, sobretudo, na carreira de Gloria Pires e quem espera ler detalhes sobre o relacionamento dela com o cantor Fábio Junior ou mesmo a polêmica história envolvendo a filha Cleo e o marido da atriz, Orlando Morais (em 1998, surgiu um boato de que Cleo teria um caso com Orlando e que a Gloria havia tentado se suicidar), pode se decepcionar. Aliás, esse episódio nem é retratado na obra.
“Tudo no livro tem o tamanho que tem a importância na vida da Gloria. Se o assunto Fábio Júnior no livro é pequeno, é por um simples fato: ele não faz parte da vida dela, faz parte de um passado. Está lá, é citado, e ponto. Quanto ao boato, íamos abordá-lo, sim, mas um jornal carioca publicou uma matéria em que o boato era o principal assunto, como se ele fosse mais importante do que o livro todo. Não queríamos que um assunto ou outro tomasse proporções drásticas, como bem gosta a imprensa sensacionalista. O que nos interessa é a carreira dela, sua trajetória, os bastidores de cada trabalho e sua opinião sobre a arte que produz”, defende Eduardo.
Gloria atualmente mora em Paris e está sendo disputada para estrelar a próxima novela das 8, Lado a Lado, de Gilberto Braga, e também a de Aguinaldo Silva, que estreia logo em seguida, em que Eduardo é colaborador, inclusive. “Confesso que estou um pouco nervoso; ansioso, até. Contar ainda com a Glorinha protagonizando a nossa novela é uma oportunidade que, como falei ao Aguinaldo, eu comparo ao cometa Halley: só acontece de 76 em 76 anos. Eu me sinto muito honrado e privilegiado por fazer parte do time de colaboradores do Aguinaldo Silva, e ainda escrever para esse elenco maravilhoso. Mas, nervosismo à parte, sei que ela vai me deixar muito à vontade, muito tranquilo, pois Glorinha é generosa demais”, ressalta.
Trecho
"Desde cedo, a pequena Gloria já demonstrava uma inclinação para o mundo das artes: desenhava, representava personagens da tevê, cantava — em especial o tema italiano do personagem Ciccilo, interpretado por Sérgio Cardoso na novela O Cara Suja , da TV Tupi.
Também adorava brincar no estúdio onde era gravada a novela A Muralha, em que seu pai atuava, e ficava perplexa com o tamanho dos cenários — na verdade, eles pareciam maiores do que eram, devido ao fato de Gloria ser muito pequena. Sempre que podia, Dona Elza levava a filha para ver o pai em cena.
Ainda nessa mesma época, em férias na casa de seu tio materno João Marques, que morava em São José dos Campos, interior de São Paulo, Gloria sofreu seu primeiro acidente. Sentada na garupa da bicicleta, que era conduzida por sua irmã mais velha, Linda, ela prendeu o pé nos aros do pneu traseiro.
Além do susto, o acidente foi tão grave que quase lhe quebrou os ossos, o que gerou uma frustração na menina que adorava calçar os sapatos de salto alto de sua mãe e desfilar pela casa. O ortopedista recomendou aulas de balé para auxiliar em sua recuperação.
Linda, nove anos mais velha que Gloria, não deixava de participar do universo da irmã caçula. Foi Linda, inclusive, quem ajudou Gloria a se alfabetizar, devido às brincadeiras de professora e aluna, o que fez com que Gloria já entrasse na escola lendo algumas palavras e identifi cando alguns fonemas.
Também brincavam de Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e improvisavam desfi les, para os quais Linda maquiava e vestia a irmã caçula com requinte, empolgada pelos concursos de miss da época.
Dona de uma fértil imaginação, Gloria provocava risos com as histórias que criava. Uma delas era a respeito do seu nascimento. Ao saber que havia nascido via cesariana, fantasiava que o médico abria uma porta na barriga de sua mãe e colocava uma escadinha, por onde ela descia, exatamente como faziam nos musicais cinematográficos.
Por acompanhar a novela Os Estranhos, da TV Excelsior, na qual Regina Duarte interpretava uma extraterrestre, Gloria fantasiava também sobre sua origem. Dizia ser interplanetária, alimentando-se de pastilhas de íons — na verdade, de chocolate.
Se as adversidades financeiras e de saúde, por vezes, eram presentes na família Pires, Gloria amenizava tais problemas com suas tiradas engraçadas, que levava todo mundo às gargalhadas. Uma delas foi sobre o comercial de sabonetes Rexona, cujo slogan era Com Rexona, sempre cabe mais um!. Um dia, seus pais estavam de saída e disseram que não ela iria, pois não havia espaço no carro. Gloria retrucou: “Eu tomei banho com Rexona, agora, eu entro em qualquer lugar!”.
Gloria sempre se mostrou organizada, cuidando da sua aparência, zelando por suas bonecas, arrumando suas roupas e adorava os trabalhos domésticos, o que lhe custou o apelido de Dona Baratinha, personagem do conto infantil, porque varria a casa com uma fita amarrada na cabeça, cantando: “Quem quer namorar com a Dona Baratinha, de fita no cabelo e dinheiro na caixinha?”.
.
PS: A foto não faz parte da publicação do Correio Braziliense, nela Gloria Pires está caracterizada como a personagem Stela de "O dono do mundo" (1991) novela de Gilberto Braga.
Fonte de pesquisa:
Correio Braziliense (Link original, aqui)
Foto (Arquivo Scaneado de Josué Palácios, revista Contigo)
Comentários