Vale Tudo ditou tendência na moda e na música
RIO - Com a reprise de "Vale tudo", há quem certamente esteja lamentando ter jogado no lixo acessórios que estavam guardados no fundo do armário. Se a trama continua atual ao falar de política e questões sociais no Brasil, o mesmo pode ser dito sobre seu legado na moda, por exemplo. Enquanto a Constituição Brasileira era promulgada e a inflação no país chegava aos 1.000% ao ano, as telespectadoras copiavam a franjinha de Lídia Brondi, as bandanas de Gloria Pires, as ombreiras de Regina Duarte...
- Há coisas que me surpreendem. Na Lídia, fizemos uma Cleópatra ruiva. Embora ela fosse uma atriz mais adepta do jeans e camiseta, a personagem tinha um look arrumado, um cabelo diferente e usava maquiagem. O visual da Renata Sorrah é contemporâneo. Ela usa leggings, calças skinny, um trench coat de tafetá lindo... As roupas do (Carlos Alberto) Riccelli são muito atuais também: camisetas podrinhas, estonadas e calças mais justas - explica Helena Gastal, a figurinista da novela.
Com seus prendedores de cabelo exagerados, saias e short curtinhos, a secretária Aldeíde de Lilia Cabral foi inspirada em um ícone da época.
- Xuxa estava no auge, mas ninguém reparou a referência (risos) - recorda a atriz: - Essa questão das suburbanas quererem se transformar em jet-setters é muito Gilberto Braga.
Fã da novela, o estilista Carlos Tufvesson lembra que nem tudo deve voltar à moda:
- Tivemos a tanga do César (Riccelli), as mechas da Odete (Beatriz Segall)... Mas essas coisas não serão usadas de forma igual agora. O tailleur de linho com ombreira, por exemplo, jamais vai voltar!
Já a canção "Brasil" - composta por Cazuza, Nilo Romero e George Israel -, que foi parar na novela na voz de Gal Costa, marcou época na música brasileira. Cazuza, aliás, teve mais um sucesso na trilha sonora, "Faz parte do meu show", e outra participação em "Vale tudo": foi ele quem indicou a Braga o ator Otávio Müller, seu primo, para um teste.
- Cazuza me mostrou a música da abertura num bar. Quando ouvi, fiquei impressionado - conta o diretor Dennis Carvalho, lembrando também da conversa que teve com Braga: - Ele queria fazer uma novela em cima da pergunta: "Vale a pena ser honesto no Brasil?". A trama mostra a desonestidade desde as pequenas até as grandes falcatruas. A novela dava um passo adiante, questionando o jeito malandro do brasileiro.
Carvalho ainda destaca o trabalho de Gloria Pires e Renata Sorrah. A última deu corpo ao que pode até ser apontado como uma campanha social na TV, tão em alta ultimamente:
- Renata está fantástica como Heleninha. Lembro de ter ido ao Alcoólicos Anônimos com ela. Até apareço na novela.
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