Glória Pires volta à cena como solteirona amante do cigarro

Mãe de Lula no cinema, Glória Pires volta à cena como solteirona amante do cigarro

Papel cômico em 'É proibido fumar' rendeu à atriz prêmio em Brasília.
Na TV, ela será a vilã Norma, que promete ser a 'nova Maria de Fátima'.

Dolores Orosco
Do G1, em São Paulo


Depois de Dona Lindu, a mãe do presidente Lula, a atriz carioca Glória Pires, 46, se prepara para interpretar mais duas personagens fortes em cinebiografias: será a poetisa Cora Coralina em filme de Fábio Barreto, e a paisagista Lota de Macedo Soares, em projeto de Bruno Barreto.
Mas nenhuma dessas mulheres reais talvez seja tão “de verdade” quanto a Baby, de “É proibido fumar” – comédia romântica de Anna Muylaert, que entra em cartaz na sexta-feira (4).
A protagonista do filme é uma professora de violão que já passou dos 40 e o romance mais consistente que teve na vida foi aquele platônico com Chico Buarque. História de amor para valer mesmo Baby mantém com o cigarro – companheiro inseparável na alegria, na tristeza e depois do cafezinho.
“Um dos dilemas da Baby é a cobrança por um casamento. Ela está na meia-idade e as pessoas estranham o fato de ser solteira”, avalia Glória, eleita a melhor atriz no Festival de Brasília – apenas um dos oito prêmios arrebatados por “É proibido fumar”. “O que mais encanta nesse filme é o tema universal: como é bom encontrar alguém para partilhar a vida”.

Galã de churrascaria

O príncipe encantado para essa donzela quarentona não é vivido por Tony Ramos, Marcelo Anthony ou outro galã televisivo que o público está acostumado a ver como par da atriz nas novelas. A personagem de Glória é apaixonada por um cantor de churrascaria falido, interpretado pelo “titã” Paulo Miklos. Parceria mais inusitada não poderia haver.
“O barato de ser ator é justamente essas oportunidades. Poder participar de projetos tão bacanas, com pessoas tão diferentes”, comemora a atriz, que filmou quase simultaneamente “É proibido fumar” e “Lula, o filho do Brasil”. “Quem diria que agora, aos 46 dos segundo tempo, eu faria papéis tão bons assim”, brinca.
E bons papéis valem certos sacrifícios. Pelo menos na lógica de Glória.
Longe do cigarro há dez anos, a atriz teve que encarar o reencontro em função de sua Baby, que, contrariando o título do filme, fuma em boa parte das cenas.
“Era um cigarro sem nicotina e mesmo assim foi difícil. No dia seguinte de algumas filmagens, eu acordava com aquela ressaca de fumaça, uma coisa horrorosa”.

A nova Maria de Fátima

Sacrifício também é ficar longe de Paris, cidade que vive há dois anos ao lado do marido, o músico Orlando Morais, e os filhos Antônia, de 17, Ana, de 9, e Bento, de 5. A mais velha, Cléo, de 27, mora no Rio por conta dos trabalhos como atriz.
“Já estou com saudade de Paris...”, lamenta Glória, que está no Brasil desde o começo do mês passado por conta da maratona de divulgação dos novos filmes que estrela. “O melhor de lá é a sensação de liberdade, de não ter que tirar o relógio para evitar um assalto ou ter medo de parar o carro no semáforo”.
Mesmo assim, a atriz voltará ao Brasil no final de 2010. É nome confirmado na próxima novela do autor Gilberto Braga, que substituirá “Viver a vida”.
A personagem, Norma, fará uma série de maldades, apesar de Glória não gostar de dizer que se trata de uma vilã. “A definição de vilão é muito simplista e o Gilberto desenvolve os personagens de uma forma muito mais complexa e inteligente.”
A parceria Gilberto-Glória sempre é cercada de expectativas – ainda mais no caso de uma megera folhetinesca. A dupla concebeu uma das maiores vigaristas da história da teledramaturgia nacional: a Maria de Fátima Acioly, de “Vale tudo” (1988).
“Gilberto costuma dizer que nós estamos fadados a suplantar essa Maria de Fátima”, debocha. “Quem sabe a gente consiga agora, com a Norma? Ainda não li um capítulo, somente a sinopse da novela, mas já deu pra perceber que é uma mulher interessante, cheia de nuances e que traz um certo mistério”, adianta.

Cora e Lota

A atriz também retornará ao país – em data não definida – para desenvolver seus novos projetos cinematográficos. É dela os direitos da cinebiografia da poetisa goiana Cora Coralina, longa de Fábio Barreto, do qual será protagonista e produtora associada.
“Esse projeto ainda é um embrião. Não temos nada de concreto, a não ser a vontade de filmar”, explica Glória.
No mesmo passo também está o plano de contar a vida de Lota de Macedo Soares, paisagista carioca, autora de obras como o Parque do Flamengo e que viveu uma história de amor com a escritora americana Elizabeth Bishop.
“Esse filme por enquanto também é apenas um sonho”, diz a atriz. “O tempo cinematográfico exige paciência. Ainda bem que isso tenho de sobra”.
Fonte de pesquisa:
Portal G1 (Link original, aqui)

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