Três filmes fazem de 2009 um marco na carreira de Glória Pires

É o ano Glória. "Não é mesmo?" Glória Pires pergunta, o rosto ilumina-se, ela sorri. É a noite da pré-estreia paulistana de "É Proibido Fumar", de Anna Muylaert. Glória está radiante, bonita - as fotos não deixam mentir -, mas o mais interessante é observar sua relação com o público, ou do público com ela. As pessoas se aproximam, mas poucos lhe pedem autógrafos. A maioria quer ser fotografada com Glória Pires. Jovens, muitos jovens, espectadores mais maduros, senhoras. A todos ela atende, afável.
Glória Pires iniciou o ano estreando "Se Eu Fosse Você 2", em que retomou a parceria com Tony Ramos, sob a direção de Daniel Filho. O filme chegou quase a 7 milhões de espectadores, se converteu no recordista de público da ‘Retomada’ - fez história, em suma. Glória agora fecha 2009 lançando "É Proibido Fumar", que lhe valeu o prêmio de melhor atriz no recente Festival de Brasília (um dos nove que a produção recebeu). A estreia, na sexta-feira (4), será pequena - ‘umas 40 cópias’, informa a produtora Sara Silveira. Dia 1.º, Glória inicia o ano com novo blockbuster - "Lula, o Filho do Brasil", de Fábio Barreto, que tem a previsão de entrar com 500 cópias.
Em Brasília, a vitória de "É Proibido Fumar" foi saudada como a vitória do cinema de autor. Nada mais de acordo com o perfil do festival. Glória não discrimina. Para ela, Anna Muylaert, Daniel Filho e Fábio Barreto são todos autores. "Será que me engano? Todo diretor com quem tenho trabalhado para mim é um autor. O tamanho da produção não importa. Todos dão um duro danado e o que ocorre é que, quanto maior o filme, maior a responsabilidade O Fábio, por exemplo. Achei-o mais maduro, focado. E olhem que eu venho trabalhando com o Fábio desde o primeiro filme dele, o 'Índia'." Glória não destaca, mas "Índia" tinha um subtítulo, "A Filha do Sol". Fábio Barreto agora conta a história do ‘filho do Brasil’, Luiz Inácio Lula da Silva..
O filme que estreia sexta é seu primeiro com Anna Muylaert (e o segundo da diretora de Durval Discos). Com Fábio Barreto e Daniel Filho, Glória é reincidente - são três filmes com um, quatro com outro. Ela confessa que só consegue trabalhar numa relação de confiança com seus diretores. Com Daniel, a coisa foi complicada. Filha do ator Antônio Carlos Pires, Glória participava com o pai em quadros de programas da Globo. Um dia, Daniel Filho, sem nenhuma sutileza - "Daniel é ótimo, mas é um trator; trata criança como adulto" - desmontou seu esforço, levando-a a crer que não tinha talento.
Anos mais tarde, o próprio Daniel Filho a selecionou - entre muitas candidatas - para um importante papel em "Dancing Days", novela de Gilberto Braga que marcou época. (Com Gilberto, ela estabeleceu outra relação de confiança. Fez também Vale Tudo e já está reservada para a próxima novela dele, no ano que vem.) Glória lembra-se do teste. Ela chegou ao estúdio meio-dia e a cena só foi gravada no fim da tarde. Foram horas sem fim, durante as quais ela pensou em desistir. Mas ficou lá, morta de medo, consciente de que tinha de enfrentar o desafio e provar, mais do que para Daniel Filho, para ela mesma que podia ser boa. Não deu outra. Uma nova Glória surgiu ali, aos 14 anos.
O restante da história, você conhece. Glória consolidou sua vitoriosa carreira na TV - a minissérie "Memorial de Maria Moura" foi outro marco - e conquistou o cinema. Do seu currículo constam filmes como "O Quatrilho", "Memórias do Cárcere" - obra-prima de Nelson Pereira dos Santos -, "Pequeno Dicionário Amoroso", os dois "Se Eu Fosse Você" e agora "É Proibido Fumar" e "Lula, o Filho do Brasil". Na coletiva de lançamento de Lula, em São Paulo, na segunda-feira, ela se disse recompensada. Poderia ser pelo prêmio legítimo que recebeu em Brasília. Foi também pela reação do presidente ao filme. Glória diz que vê-lo emocionado foi sua ‘maior recompensa’. E ela está disposta a polemizar - "O filme não é chapa branca." (Luiz Carlos Merten - AE)
Fonte de pesquisa:
Cruzeiro do sul (Link original, aqui)

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