Gloria Pires revive Maria Moura para comemorar seus 50 anos e chora de emoção


Informativo: Nós do Blog 'Memorial Gloria Pires' não nos denominamos como tendo adquirido direitos sobre as fotos e textos dessa reportagem. Usamos aqui como uso exclusivamente pessoal a qual homenageamos a referida atriz.
Todos os direitos pertencem ao site EXTRA ON LINE e as fotos são de Roberto Moreyra

Por

Carla Bittencourt e Marcelle Carvalho

Antes



Depois



Gloria Pires chegou concentrada ao estúdio para fazer a foto que ilustra este especial. Bem discreta, a atriz, que completa 50 anos em agosto e apareceu na TV pela primeira vez há 45 na abertura da novela “A pequena órfã”, começou a fazer a maquiagem para se transformar em Maria Moura. Enquanto colocava a sobrancelha rebelde da personagem de Rachel de Queiroz e escurecia a pele, Gloria parecia mergulhada num mundo particular. Pediu para a equipe esperar que ficasse pronta para só então conversar. A camisa produzida para a foto recebeu um cuidado extra. Gloria a amassou todinha com as mãos:

— Maria Moura não usa roupa passada!

O chapéu — original! — foi levado ao estúdio por ela. É o único objeto da minissérie que Gloria guarda na fazenda da família, em Goiás. E, como num passe de mágica, ela voltou no tempo. A voz ficou mais grossa, o andar masculino, o sotaque era outro. Seu 1,60m cresceu. Sem falar, a atriz caminhou até a locação das fotos, no Projac. Ali ela não era mais Gloria Pires. Era Maria Moura. Em cinco minutos, a reprodução estava feita. Cada clique mais perfeito que o outro. Não houve ensaio nem preparação. Gloria só pediu uma imagem da personagem na sua frente para saber posicionar a cabeça. O restante surgiu naturalmente, e o resultado impressiona.


No fim do ensaio, a dama da TV chorou. Um choro emocionado. Foi possível, então, perceber que ela segurava as lágrimas desde o início e que só deixou a emoção transparecer quando colocou um ponto final no trabalho.

— Fazer essa foto foi incrível! Viajei! Isso nunca tinha me acontecido. Jamais fiz um trabalho com a proposta de recriar uma coisa que eu já tivesse feito. Foi muito forte. Acho que o que aconteceu hoje foi uma coisa intuitiva, sabe? — diz Gloria, mostrando o entusiasmo que escondeu na chegada.

“Memorial de Maria Moura”, exibida em 1994, está na lista dos trabalhos preferidos da atriz e, por isso, a protagonista da minissérie foi escolhida para estampar a capa desta homenagem do Sessão Extra:

— Maria Moura é muito mítica, uma heroína! E vem de um romance lindo. Foi um trabalho maravilhoso e puxado. Tudo tinha que ser gravado em fazendas porque não podia ter poste, prédios, barulho de caminhão... Não existia computação gráfica! O acesso aos lugares era difícil! Andávamos seis quilômetros numa estrada de terra com roupas quentes e armas pesadas. Mas valeu a pena.

Confira a entrevista com a atriz:

Você é muito cativante, a ponto de todos quererem dar um testemunho sobre você neste especial. Tem consciência disso?

Eu tenho muito prazer em fazer o que eu faço e estar com as pessoas com quem estou. Sempre comparo as coisas a um jogo, porque você precisa do outro. A vida é isso e tenho prazer nessa troca. Quando eu venho trabalhar, venho feliz. Gosto de chegar aqui e encontrar as pessoas de todos os dias ou os amigos que não vejo há um tempão. Então, acho que isso rola naturalmente, o que me deixa feliz.

Como lida com o status de diva?

Acho isso uma grande brincadeira. Porque uma coisa que eu não sou é diva... Zero, diva. Estou mais para funcionária do mês (risos). Mas entendo que as pessoas tenham essa relação comigo, por eu ter começado bem novinha. Até hoje tem gente que diz que me acompanha desde a Fatinha de “Selva de pedra”. É muito bacana. E eu sou muito grata ao carinho das pessoas, porque a gente tem que se alegrar com o carinho, porque de alguma forma você conquistou aquilo. Então você tem uma certa responsabilidade também.

O curioso é que o diretor Daniel Filho reprovou você no teste para a novela “O primeiro amor”...

Pois é. Mas acho que a gente cresce muito mais nas dificuldades do que na maciota. Sem dúvida ter sido rejeitada tão cedo na minha vida, me trouxe uma bagagem muito bacana para o que veio a seguir.
Há quem pense que você sempre quis ser atriz. Mas essa não é verdade...
Não sei porque atuava. Se era porque o meu pai me levava, se eu queria agradá-lo... Porque era muito sofrido. Eu não ia porque queria, não dizia: “Pai, me leva, eu quero fazer isso”.

Mas você sempre foi desinibida?

Não, sempre fui tímida. Isso sempre foi uma coisa difícil. Gravar externa era um inferno, morria de vergonha. Essa coisa de as pessoas pedirem autógrafo, eu achava aquilo tão doido! Pensava: “Por que essa pessoa quer o meu autógrafo? Vão fazer o que com isso?”

Você viveu em Paris com a família de 2007 a 2011. Sentiu-se reabastecida ao voltar?

Foi muito importante essa experiência de viver num lugar onde ninguém sabia quem eu era. Então, eu tinha uma liberdade. Acho que isso me enriqueceu como pessoa, me pautou de uma certa forma. Porque você, desde criança, habituada às pessoas saberem quem você é, o que você faz, tudo seu ser noticiado, cerceia muito a sua liberdade. Foi bacana ter ido morar lá, ter podido fazer coisas sem me sentir observada.

Chegou a pensar em parar e viver só para a família?

Em alguns momentos pensei, sim. Mas o dia a dia me mostrava que isso seria impossível. Não dá para você descartar uma parte sua. É o seu trabalho, está dentro de você.

Você coleciona vários sucessos, mas “Desejos de mulher” (1999) e “Suave veneno” (2002) não saíram do jeito que você gostaria...

Foram duas novelas complicadas. Um desencontro total. Mas, hoje, vejo como esses momentos precisam acontecer. Quando eu me lembro dessas novelas eu só penso nisso: falta total de comunicação. Não me sentia alinhada com os trabalhos, e eles não me davam retorno.

Você chegou a pedir para sair dessas novelas?

Eu não peço para sair, porque acho um desrespeito enorme. Sei lá, você entrou no jogo, treinou, faz parte de uma equipe. Aí o jogo está dando errado e você pede pra sair? Não é a minha cara.

Como analisa seus 50 anos de vida?

Olha, parafraseando a nossa saudosa Mara Manzan, “cada mergulho é um flash!”. Acho que isso resume bem esses 50 anos. Porque tem sido muito mais feliz do que tudo que eu imaginei, até nos meus melhores sonhos. Claro que todo mundo tem problema, medo, insegurança, mas eu não posso reclamar de nada.... Eu nunca vejo a minha vida pessoal ou a minha carreira como um jogo ganho. Quero tudo que puder ter de oportunidades, de novas possibilidades. Estou sempre pronta. Pronta para o desafio. Pronta pra ir lá e ver no que vai dar.


Comentários

Unknown disse…
Parabéns pra sempre,
verdadeiros 50 anos de Gloria...