Gloria surgiu aos 8 anos, explodiu aos 14, viveu uma protagonista na adolescência e aos 22 se lançou em minisséries

Na pele de Zuca, Gloria fez sua primeira protagonista. Fábio Jr. fazia seu par romântico Foto: Adir Mera / Arquivo (15/10/1979)

Se a primeira vez a gente nunca esquece, Gloria Pires tem motivos de sobra para se lembrar de suas estreias. Precoce, aos 8 anos, ela debutou nas novelas em “Selva de pedra” (1972), como a espevitada Fatinha — quatro anos antes, havia aparecido apenas na abertura de “A pequena órfã”. Com “Dancin’ Days” (1978), descobriu o que era explodir para o país na pele de Marisa, mas entrou para o time das protagonistas ao dar vida à doce Zuca de “Cabocla” (1979). Em “O tempo e o vento” (1985), a atriz lançou-se em minisséries no papel de Ana Terra. Com isso, nos primeiros 13 anos de carreira, Gloria já estava marcada por várias estreias: primeira novela, primeiro sucesso estrondoso, primeira protagonista e primeira minissérie. 

Com Sonia Braga, Gloria nos bastidores de Dancin’ Days: elas foram mãe e filha na novela Foto: Arquivo (agosto 1978


 Muitos trabalhos marcantes, no entanto, ainda viriam para a filha do ator e humorista Antonio Carlos e da produtora e empresária Elza. Ela cresceu nos estúdios de TV, mas, curiosamente, não queria ser atriz. 

— Eu adorava brincar nos cenários, ver a preparação dos atores... Mas tinha medo dos estúdios porque eles eram grandes e sombrios. Não me lembro de ter falado com meus pais: “Ah! Quero ser atriz”. Eles achavam que eu levava jeito. Só que eu tinha pavor — lembra. 

Imagine, então, quando, aos 7 anos, Gloria foi reprovada em seu primeiro teste para a novela “O primeiro amor” (1971). Ela conta que relutou, mas acabou convencida pelo pai a tentar conquistar o papel. 

— O teste foi um sofrimento horrível. Pensava: “O que estou fazendo aqui? Quero ir embora”. Quando fui buscar o resultado, Daniel (Filho, diretor) disse que eu tinha feito tudo direitinho, mas que não seria eu. “É que eu preciso de uma menina muito bonitinha para fazer”, disparou. Foi um choque, chorei muitos dias. Ser rejeitada é muito difícil — conta Gloria, que só se livrou do fantasma da rejeição em “Dancin’ Days”, quando aos 14 anos teve que encarar de novo Daniel Filho, diretor da trama: — Foi nessa novela que eu me senti aprovada. Precisava disso. 

Em “Selva de pedra”, a atriz debutou em novelas Foto: / Arquivo (08/08/1972)


 Na ocasião, ela teve não só o aval do diretor, mas também a aprovação de Gilberto Braga, que ficou impressionado com a menina. 

— Ela era uma excelente atriz. Começou a novela com 14 anos e completou 15 durante as gravações. Parecia uma adulta. Diferentemente das outras atrizes da mesma idade, Glorinha tinha maturidade, sensibilidade e inteligência — elogia o autor. 

Quem faz coro é o diretor Dennis Carvalho

— Quando comecei a dirigir, em “Dancin’ Days”, Glorinha era uma menina e, já naquela época, admirei muito o jeito de ela interpretar. 

Gloria foi atrás do papel de Ana Terra da minissérie “O tempo e o vento” Foto: Eduardo Cunha / Arquivo (novembro de 1985)

 Não é de se espantar, portanto, que ela tenha ganhado logo uma protagonista. Apesar da novidade, Gloria afirma não ter sentido o peso da responsabilidade em “Cabocla”. 

— Eu não pensava assim: vou ser a protagonista. Estava mais preocupada em lidar com Herval Rossano (diretor), que tinha fama de mau! E muito me surpreendeu quando ele me disse que eu tinha sido uma aposta dele. Fiquei surpresa e quis fazer a coisa funcionar — conta ela, que se casou com o par da novela, Fábio Jr., com quem teve a filha mais velha, Cleo

Já em “O tempo e o vento”, Gloria resolveu buscar a minissérie na unha, ao saber que o ator e diretor Paulo José pensava nela. 

— Estava em “Partido alto”, insatisfeita com o papel. Soube que Paulo José me queria como Ana Terra. Fui ao Daniel (Filho), ele intermediou e tudo se ajeitou. Pela primeira vez, corri atrás de uma personagem — lembra a atriz, que definitivamente nasceu para o sucesso.


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