Parabéns Gloria Pires, 40 anos de Rede Globo

Confiram o texto publicado em homenagem à Gloria Pires no site 'Memória Globo' pelos seus 40 anos de trabalho dedicados na emissora



Intérprete de personagens marcantes como a Maria de Fátima da novela Vale Tudo, as gêmeas Ruth e Raquel, de Mulheres de Areia, ou a Ana Terra, da minissérie O Tempo e o Vento, Gloria Pires completou 40 anos de carreira na TV Globo. O remake de Guerra dos Sexos, em 2012, foi sua 22ª novela na emissora. 
Não é exagero dizer que a atriz foi criada na TV. Nascida em 23 de agosto de 1963, no Rio de Janeiro, Gloria Maria Claudia Pires de Moraes é filha da produtora e empresária Elsa Marques Pires e do comediante Antônio Carlos Pires (1927-2005). Desde pequena frequentava o meio artístico acompanhando o pai e, aos 5 anos, fez sua primeira aparição na TV, na abertura de A Pequena Órfã, da TV Excelsior. Logo depois da gravação, o diretor Dionísio Azevedo a convidou para integrar o elenco da novela, e ela chegou a participar de alguns capítulos.
 
Sua estreia na Globo aconteceu em 1972, com apenas 8 anos de idade: a atriz integrou o elenco da novela Selva de Pedra, de Janete Clair, como a menina Fátima. Depois de participar de programas da linha de shows da emissora, comoSatiricomFaça Humor, Não Faça Guerra e Chico City, foi a Ione de O Semideus (1973), também de Janete Clair. Quatro anos depois, a atriz ganhou um papel de maior destaque em outra novela da autora, Duas Vidas: “Eu era filha do Luis Gustavo, que fazia um personagem meio picareta, o bom picareta, um cara bacana que não dá sorte e acaba se envolvendo com uma mulher de vida meio duvidosa. Tinha também o seu Menelau, interpretado por um ator maravilhoso, o Sadi Cabral. Lembro-me muito bem de uma cena em que dançamos uma valsa juntos. Foi inesquecível”, conta.
 
O sucesso e o reconhecimento definitivo do público vieram em 1978, com a novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga. Gloria interpretou Marisa, a filha mimada e rebelde de Júlia Mota, personagem de Sônia Braga. “É a novela que considero o marco da minha fase adulta, embora eu estivesse com 14 anos. Até então, eu era aquela menininha que fazia novela por causa do pai que era ator. E, a partir de Dancin’ Days, eu tive a oportunidade de interpretar uma personagem importantíssima na trama. Isso intensificou a minha relação com o público”, relembra. A atuação na novela lhe rendeu o papel de protagonista em Cabocla (1979), de Benedito Ruy Barbosa. Sua personagem, Zuca, era disputada por Tobias, vivido por Roberto Bonfim, e Luís Jerônimo, interpretado por Fábio Júnior, com quem acabaria se casando – os dois são os pais da atriz Cléo Pires.
 
Em 1980, voltou a trabalhar com Gilberto Braga, em Água Viva. Do autor, fez também Louco Amor (1983), Vale Tudo(1988), O Dono do Mundo (1991), Paraíso Tropical (2007) e Insensato Coração (2011). Em Vale Tudo, interpretou a inescrupulosa Maria de Fátima, talvez até hoje um dos papéis mais marcante de sua carreira: “Maria de Fátima foi um presentão. Todo o movimento dela, de sair lá de Foz do Iguaçu, deixar a mãe na miséria, sem nada, vender a casa da mãe e sumir no mundo. Para mim, ela não era só uma vilã; era uma pessoa amoral, louca, desregulada. Foi um momento histórico da televisão, porque retratava o Brasil de forma nua e crua. A novela foi exibida em 1988, época em que as bandalheiras políticas estavam vindo à tona; falava-se da repressão, a censura tinha acabado”, conta.


Também marcaram época as gêmeas Ruth e Raquel, de Mulheres de Areia (1993), remake da novela homônima de Ivani Ribeiro, levada ao ar em 1973, com Eva Wilma. Para a composição das personagens, a atriz chegou a usar perfumes diferentes para caracterizar cada uma das irmãs: como Ruth, a irmã doce e meiga, usava uma fragrância suave; e escolheu uma mais forte para a malvada e agressiva Raquel. Gloria também foi Ana Terra, na minissérie O Tempo e o Vento (1985), escrita por Doc Comparato e inspirada na obra de Erico Verissimo, e a protagonista de Memorial de Maria Moura (1994), de Jorge Furtado e Carlos Gerbase – duas personagens fortes e corajosas, muito importantes em sua trajetória profissional.

Em cinema, Gloria Pires estreou em 1981, no filme Índia, a Filha do Sol, com direção de Fábio Barreto. Do mesmo diretor, atuou também em O Quatrilho (1995), que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e Lula, o Filho do Brasil(2009), de Fábio Barreto, no qual fez o papel de Dona Lindu, mãe do ex-presidente, que lhe deu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de Melhor Atriz. Fez também, entre outros, o clássico Memórias do Cárcere (1984), de Nélson Pereira dos Santos; os sucessos de bilheteria Se Eu Fosse Você (2006) e Se Eu Fosse Você 2 (2008), ambos de Daniel Filho; e É Proibido Fumar (2009), de Anna Muylaert, com o qual ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Brasília. Foram, ao todo, 13 longas-metragens.

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