Público ficou chocado com papel homossexual de Glória Pires, diz Bruno Barreto
RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Em Berlim para a exibição de "Você Nunca Disse Eu Te Amo", o diretor Bruno Barreto disse que seu drama sobre a relação da poeta americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta e paisagista Lota de Macedo Soares (Gloria Pires) "deixou as pessoas chocadas" no primeiro teste com plateia, em novembro passado.
"No Brasil, as pessoas não estão acostumadas a ver Glória, a queridinha das novelas, fazendo um papel ousado e beijando outra mulher. Eram 200 pessoas na sala e ouvimos o 'ooohh'", revelou Barreto. "Mas os formulários que elas preencheram depois da sessão mostraram que logo se acostumaram com a ideia."
Em um de seus trabalhos mais ousados, Gloria Pires, que não veio a Berlim por causa de seus compromissos com a novela "Guerra dos Sexos", da Globo, seduz a personagem de Miranda com uma sexualidade agressiva.
"Eu falei para Gloria que 'Se Eu Fosse Você', no qual ela troca de corpo com um homem, serviu de preparação para meu filme", contou Barreto. "Eu estava brincando, mas ela depois falou no making of que [a experiência] veio a calhar."
Em relação ao grande número de inserções comerciais nos letreiros de abertura, que provocou risos da plateia em Berlim, o produtor Luís Carlos Barreto disse que iria mostrar a reportagem da Folha sobre as gargalhadas à ministra da Cultura, Marta Suplicy.
Há até uma cena em "Você Nunca Disse Eu Te Amo" em que Bishop discursa e fala que ela "era chamada, durante a faculdade, de boêmia, assim como a melhor cerveja do Brasil." Mas, segundo Barreto, a Ambev não entrou no projeto. "O discurso existiu. Mas eles não quiseram."
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