"Gloria Pires sexy vai marcar 'Babilônia'", aposta Gilberto Braga

Vizinho à mundialmente famosa Copacabana, o pequeno e discreto bairro carioca do Leme vai ganhar repercussão nacional a partir desta segunda-feira (16), quando estreia "Babilônia", a nova novela das 21h. Segundo Gilberto Braga, que escreve o folhetim junto com Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, a pluralidade do local foi o ponto de partida para o nascimento da trama.

 "Ele reúne as três classes sociais: os pobres na favela, a classe média nas ruas do meio e os ricos na Avenida Atlântica. Novidade pra mim é mais núcleo dos pobres, do morro, isso eu nunca tinha feito", conta o autor. "Não tive muito contato com moradores da comunidade para a novela, especificamente, mas trabalho com uma ótima equipe de pesquisa e conheço algumas pessoas que são do morro", diz ele.

Na trama, a representante do Morro da Babilônia é Regina (Camila Pitanga), que abre mão do sonho de ser médica e trabalha como barraqueira na praia para ajudar a mãe, Dora (Virgínia Rosa) e o irmão, Diogo (Thiago Martins), além de sustentar a filha, Júlia (Sabrina Nonata). De origem humilde, é a tradução da honestidade. Já Inês (Adriana Esteves) não passa aperto, mas acha seu apartamento no Leme, com vista para a comunidade, muito pouco. 

Extremamente ressentida e invejosa, a advogada, casada com Homero (Tuca Andrada) e mãe de Alice (Sophie Charlotte) quer mais, de preferência a mesma vida de luxo de Beatriz (Gloria Pires), sua ex-amiga de adolescência. A arquiteta, toda-poderosa da construtora Souza Rangel, subiu na vida graças ao seu maior talento: a sedução. Foi levando o empresário Evandro (Cássio Gabus Mendes) para a cama logo após ele ficar viúvo que ela recuperou dinheiro e status após uma fase difícil. Mas o casamento não impede que ela colecione amantes.

 "A primeira vez que Gloria Pires faz papel de mulher sexy vai marcar a novela. Sempre quero botar a Gloria em algum papel. A gente pensou: o que ela nunca fez? Mulher sexy, que é o que ela é. A Beatriz é meio tarada. Não chega a ser ninfomaníaca, é quase. Mas ela vai ter um amor sério, vai se apaixonar pelo Diogo, isso vai desestabilizá-la. Ela come todo mundo, mas nunca se apaixonou. Dessa vez vai ser diferente", adianta o autor.

 Irmão de Regina, Diogo é também filho de Cristóvão (Val Perré), outro amante de Beatriz, que é morto por ela no primeiro capítulo da novela. Para se safar, a vilã põe a culpa em Inês, que, por sua vez, tem provas da traição da arquiteta e chantageia a rival. Os embates entre as duas prometem incendiar o horário nobre. "É interessante porque, às vezes, as duas são cúmplices. Mas, ao mesmo tempo, elas se odeiam", explica o escritor.


Mas os métodos pouco ortodoxos com que Beatriz e Inês conseguem o que querem não são exclusividade das duas grandes vilãs da novela: o folhetim vai abordar relações escusas entre empresas e políticos, bem como acontece na vida real. Muitos negócios da Souza Rangel, por exemplo, são feitos ilegalmente, e Evandro não tem nenhuma crise de consciência com isso. E o prefeito Aderbal Pimenta (Marcos Palmeira), da cidade fictícia de Jatobá, que entrou na política apenas para encher os bolsos de dinheiro, sintetiza o que é corrupção. 

 "A gente sempre tem intenção de promover debates trazendo temas da atualidade. O personagem do Marcos Palmeira é inspirado em vários políticos. Certamente o espectador vai reconhecer", conta Gilberto. 

 Além de corrupto, Aderbal é homofóbico e não aceita bem o namoro da filha, Laís (Luisa Arraes), com Rafael (Chay Suede), que é criado por um casal gay: sua avó Estela (Nathalia Timberg) e sua mulher, Teresa (Fernanda Montenegro). O jovem sofre ainda bullying de Guto (Bruno Gissoni) e Fred (Filipe Ribeiro). Mas o autor avisa que algum ataque homofóbico mais violento está fora de questão. "Isso eu já fiz, e não quero me repetir", diz ele, que já tratou do tema em "Insensato Coração", em que Gilvan (Miguel Roncato) era morto por uma gangue de pitboys. 

 Dedicado aos 160 capítulos previstos para "Babilônia", ele diz que gosta do horário nobre ("Tem mais gente vendo, já me habituei"), mas admite que as minisséries são o seu formato favorito. "É o que eu mais gosto de fazer. Mas não posso fazer tudo, sou obrigado a fazer novela. Depois eu tenho que descansar. Quando termino de descansar, já tá na hora de escrever outra novela por isso não tenho feito", conta ele, que não assiste a outra novela sua que está sendo reprisada no canal Viva, "O Dono do Mundo", de 1991. 

 "Não gostei de escrever a novela. Se eu vejo, fico triste. Tive brigas, não foi uma novela feliz na minha vida. Não é dos meus grandes sucessos, o personagem do (Antonio) Fagundes é que foi sucesso, ele estava excepcional", elogia.

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