Filme 'Flores raras' terá Gloria Pires em papel de homossexual
Atriz viverá arquiteta Lota Macedo de Soares em longa de Bruno Barreto.
Longa retrata romance entre brasileira e a poeta americana Elizabeth Bishop.
Henrique Porto
Do G1, no Rio
Da esq. para a dir.: as atrizes Tracy Middendorf , Glória Pires e Miranda Otto, protagonistas do filme de Bruno Barreto, 'Flores raras' (Foto: Henrique Porto/G1)
Acostumada a viver romances na TV, no teatro e no cinema, Gloria Pires vai experimentar uma história de amor distinta em "Flores raras", novo filme do diretor Bruno Barreto. A atriz vai interpretar Lota de Macedo Soares, arquiteta carioca que teve um intenso relacionamento com a poeta norte-americana Elizabeth Bishop, vivida pela australiana Miranda Otto ("Senhor dos anéis" e "A guerra dos mundos").
Baseada no livro "Flores raras e banalíssimas", de Carmem Lucia de Oliveira, a produção começa a ser filmada no próximo dia 11 e vai destacar o romance entre a brasileira, que idealizou e supervisionou a construção do Parque do Flamengo (também conhecido como Aterro do Flamengo), e a ganhadora do Prêmio Pulitzer de 1956.
"Sabemos que a questão do homossexualismo é um grande atrativo, mas não estamos discutindo aqui a opção sexual dela (Lota), e sim como eram essas pessoas, e a obra que deixaram. Isso me atrai muito e espero que tenha bastante impacto", disse Glória, que preferiu não polemizar durante a entrevista coletiva realizada no fim da tarde desta quinta (31), num hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Para a atriz, o longa faz justiça à história de Lota e dá a oportunidade do grande público conhecer um pouco mais sobre a arquiteta brasileira, sua personalidade forte e seu legado para o Rio.
"Achei muito bacana a possibilidade de podermos consertar algo historicamente errado. É uma grande injustiça Lota não ser reconhecida por sua participação na vida da nossa cidade. Sendo uma personagem tão forte, uma mulher inovadora à frente do seu tempo e extremamente culta, achei toda essa junção de atrativos muito emocionante", exaltou.
O diretor, que elogiou o desempenho da atriz nos ensaios ("ela já é a personagem depois de dez dias"), adiantou que há apenas uma cena mais explícita, quando as duas personagens fazem sexo pela primeira vez.
"Ao mesmo tempo que nos preocupamos em acentuar o assunto, tomamos muito cuidado para não evitá-lo. Porque também seria errado", comentou Barreto. "Mas eram os anos 50. O Brasil é aparentemente liberal mas, no fundo, somos muito conservadores. Naquela época, mais ainda."
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