Gloria Pires em - Debates: "Flores Raras" e troféu Oscarito

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Repórter: Matheus Pannebecker / Foto: Itamar Aguiar/PressPhoto

Equipe de "Flores Raras" debate o longa-metragem

Na manhã deste sábado, começou a série tradicional de debates diários do Festival de Cinema de Gramado. Abrindo os trabalhos, a atriz Gloria Pires compareceu à Sociedade Recreio Gramadense para falar sobre a homenagem do troféu Oscarito e a equipe de "Flores Raras" debateu o longa-metragem.

Sobre a homenagem, Glória reforçou o carinho pelo pai, a quem dedicou o Oscarito na noite de abertura. "Eu sabia que o filme estaria aqui, mas foi uma surpresa mais do que agradável estar aqui para receber o Oscarito também. Nós formamos um clã de cinema na nossa família, e foi meu pai que começou essa tradição. Por isso esse prêmio é tão especial", comentou a homenageada.

Quanto aos momentos de sua carreira, a atriz destaca que o protagonismo de "Índia - A Filha do Sol" foi um dos mais difíceis. "Eu era uma menina de cidade, não de campo. Essa diferença de realidade foi muito difícil para o meu trabalho de atriz naquela época", aponta Glória, que, apesar de destacar o papel, diz que é complicado definir o que é mais fácil ou difícil de se fazer. Para ela, tudo depende das condições de produção do filme e da própria vida pessoal do intérprete.

"Flores Raras" se passa na década de 1950, quando a poeta Elizabeth Bishop (Miranda Otto), em busca de algo que a motive, resolve partir para o Rio de Janeiro e passar uns dias na casa de uma colega de faculdade, Mary (Tracy Middendorf), que vive com a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires). Logo, Elizabeth e Lota se apaixonam.

Acompanhando esse romance em uma época conservadora, o filme, para Glória, não é especificamente sobre homossexualidade, mas tem a missão de sensibilizar as plateias sobre o tema. "Esse filme chega quando o assunto está em alta. Espero que ele ajude o público a encarar a homossexualidade de forma normal", afirma.

No longa de Bruno Barreto, a homossexualidade é fortemente permeada pela poesia de Elizabeth Bishop. O diretor, no entanto, diz que o trabalho dela não foi o norte da produção. "Primeiro eu construí a dramaturgia do roteiro. Depois, procurei formas de colocar a poesia nele. São linguagens diferentes. Não queria que a poesia ficasse chata quando traduzida para o cinema", indica.

Quem dá vida à Elizabeth Bishop em "Flores Raras" é a atriz australiana Miranda Otto, cujo trabalho, para a equipe do filme, foi difícil mas cheio de méritos. "O maior desafio da Miranda era tornar empática uma figura essencialmente antipática", comenta Barreto. "Mas Miranda é uma atriz maravilhosa. E, por mais que Bishop fosse tímida e difícil, Miranda não quis reverter essa situação. Abraçou a condição da personagem sem medo. E isso representa muita coragem!", finaliza Glória Pires.

Sobre contracenar com Miranda, a brasileira - que atua em inglês durante praticamente todo o filme - teve sua facilidade com o idioma elogiada pelo diretor. Para o diretor, são poucos os atores que superam o "delay" e conseguem achar um ponto de equilíbrio entre boa atuação e naturalidade com a língua. "Como me disseram, Marion Cotillard, Javier Bardem e Juliette Binoche conseguem esse feito. E Glória Pires também", completou Barreto.

O Festival de Cinema é uma realização do Ministério da Cultura e da Prefeitura de Gramado. Conta com financiamento da Secretaria de Estado da Cultura, patrocínio Master da Petrobras, patrocínio da Stella Artois e Oi, copatrocinio do Banrisul e Apoio Especial da DUOCASA. A Um Cultural é responsável pelo planejamento cultural e produção do evento.

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