"Tenho orgulho desse filme", diz Gloria Pires sobre longa em que vive homossexual
Nathália Salvado
Glória Pires esperou longos 17 anos desde que foi convidada para fazer Flores Raras até a sua realização. Lucy Barreto, mãe do cineasta Bruno Barreto, o responsável pelo filme, comprou os direitos do livro Flores Raras e Banalíssimas, de Carmen L. Oliveira, em 1995. Só muitos anos depois, ele foi rodado e lançado, chegando aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (16). "Certamente, hoje, eu me sinto muito mais preparada, com mais estofo para fazer essa personagem, dessa magnitude, do que 16 ou 17 anos atrás. O que seria diferente a gente não sabe, porque provavelmente não seria a mesma equipe", disse a atriz em entrevista no hotel Staybridge, em São Paulo, no último dia 5.
"Eu trabalho há 42 anos. Dezessete não é nada, mas é tudo. O que eu quero dizer é que a vida passa, o tempo está aí, as coisas estão acontecendo. E, sendo atriz, as coisas me atingem e operam mudanças ou acrescentam", disse. "A personagem é real, mas a forma de realizar há 16, 17 anos teria sido outra. Nesse tempo, ele (Bruno Barreto) também viveu outras coisas. Houve um tempo de maturação dessa história", completou.
No filme, Glória é a arquiteta Lota de Macedo Soares, brasileira que teve um romance com a poeta norte-americana Elizabeth Bishop nas décadas de 50 e 60, um dos períodos mais criativos de ambas as "artistas". A atriz, conhecida por seus papéis em novelas da TV Globo, afirmou que não se preocupa com o fato do público que a vê na televisão poder estranhar seu personagem no cinema. "Não crio uma expectativa quanto a isso. Fiz a personagem da melhor forma que pude e me deu um enorme prazer em fazer. Tenho o maior orgulho de ter feito esse filme, ter recebido esse personagem para interpretar. É até aí onde eu vou. Eu gosto do que eu vejo, fico orgulhosa do que eu vejo. Então, tudo o que teve de espera, de ansiedade, acho que valeu a pena. Tudo. Ficou inteiro. Está lá e disse a que veio. Como as pessoas vão receber não sei. Sou péssima em fazer previsão", opinou.
No filme, Glória é a arquiteta Lota de Macedo Soares, brasileira que teve um romance com a poeta norte-americana Elizabeth Bishop nas décadas de 50 e 60, um dos períodos mais criativos de ambas as "artistas". A atriz, conhecida por seus papéis em novelas da TV Globo, afirmou que não se preocupa com o fato do público que a vê na televisão poder estranhar seu personagem no cinema. "Não crio uma expectativa quanto a isso. Fiz a personagem da melhor forma que pude e me deu um enorme prazer em fazer. Tenho o maior orgulho de ter feito esse filme, ter recebido esse personagem para interpretar. É até aí onde eu vou. Eu gosto do que eu vejo, fico orgulhosa do que eu vejo. Então, tudo o que teve de espera, de ansiedade, acho que valeu a pena. Tudo. Ficou inteiro. Está lá e disse a que veio. Como as pessoas vão receber não sei. Sou péssima em fazer previsão", opinou.
TV e Cinema
Glória jurou que não é uma workaholic, mas o fato é que ela terminou Guerra dos Sexos, em abril e logo já emendou dois projetos no cinema, Nise da Silveira – Senhora das imagens, que ainda não foi lançado, e Flores Raras. Apesar da correria, ela não se queixa. Pelo contrário, até agradece a possibilidade de estar em tantos bons trabalhos. "Para mim é importante. Eu tenho trabalhado bastante e não me queixo disso de jeito nenhum. Eu adoro trabalhar e ainda mais projetos bacanas, personagens legais, eu não consigo recusar. Tem uma força maior me impedindo. Não sou uma workholic, mas sou uma caçadora de bons projetos e desafios", contou.
"Essa alternância (entre TV e cinema) para mim é importantíssima, porque eu faço muita televisão. Agora tenho feito muito cinema também. Então, é muito bom, porque se eu fosse fazer isso na TV, não ia sair do ar. Assim, eu posso continuar me exercitando, fazendo outras coisas, personagens diferentes e voltar e me recarregar para outros papéis na TV. Essa novela que eu fiz, que acabou agora, Guerra dos Sexos, para mim, como atriz, foi uma delícia porque tinha cenas enormes, onde tudo acontecia. Começava com uma comédia de torta na cara, terminava em um dramalhão do marido morrendo. Isso tudo em uma cena. É o tipo de coisa que o Silvio de Abreu adora fazer e para o ator é maravilhoso. É um treino incrível e para isso também você tem que ter fôlego. Então, eu acho que essa questão, de estar sempre trabalhando, sempre exercitando, tem me possibilitado esse jogo de cintura, esse picadeiro. É como se fala: fulano tem picadeiro, tem experiência, tem pique", explicou.
"Essa alternância (entre TV e cinema) para mim é importantíssima, porque eu faço muita televisão. Agora tenho feito muito cinema também. Então, é muito bom, porque se eu fosse fazer isso na TV, não ia sair do ar. Assim, eu posso continuar me exercitando, fazendo outras coisas, personagens diferentes e voltar e me recarregar para outros papéis na TV. Essa novela que eu fiz, que acabou agora, Guerra dos Sexos, para mim, como atriz, foi uma delícia porque tinha cenas enormes, onde tudo acontecia. Começava com uma comédia de torta na cara, terminava em um dramalhão do marido morrendo. Isso tudo em uma cena. É o tipo de coisa que o Silvio de Abreu adora fazer e para o ator é maravilhoso. É um treino incrível e para isso também você tem que ter fôlego. Então, eu acho que essa questão, de estar sempre trabalhando, sempre exercitando, tem me possibilitado esse jogo de cintura, esse picadeiro. É como se fala: fulano tem picadeiro, tem experiência, tem pique", explicou.
Personagem real
Glória Pires também falou sobre a responsabilidade de fazer um personagem real, como é o caso de Lota. "Quando você tem um personagem real, você tem outro tipo de responsabilidade. Acho que tem que tomar mais cuidado, porque aquela pessoa existiu, não é uma ficção. Então, quando está em um personagem ficcional, você tem mais liberdade, não está preso a nada. Não sei se é mais fácil ou mais difícil. Realmente, não sei", afirmou.
Sobre a preparação para viver a arquiteta, Glória se apoiou na leitura. "Não tive muito material no sentido de quantidade. Mas eu tinha muito material no sentido de qualidade. Especialmente, um livro que eu recebi, Invenções de Si Em Histórias de Amor: Lota e Bishop, de Nádia Nogueira. Era uma defesa de tese dela, onde ela retrata o universo homossexual dos anos 40 até 70 no Rio de Janeiro. Então, para mim isso foi muito importante. Ela usa a história das duas e as coisas que aconteceram com a Lota. O impacto que teve o fato dela ter sido tão atacada na época da feitura do Aterro do Flamengo e o que isso deve ter acarretado nessa doença nervosa que ela desenvolveu, então foi um livro muito importante que me deu esse suporte para entender melhor o que pode ter acontecido ali quando você não tem onde ler, quando você não tem realmente aquela historinha bonitinha ali, desenvolvida", disse.
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