'Gloria Pires: os 50 anos de uma estrela', texto do blog 'De Olho Nos Detalhes'
POR SÉRGIO SANTOS
No dia 23 de agosto de 1963 nascia uma estrela que se tornaria uma das maiores atrizes do país: Gloria Maria Cláudia Pires, a querida e amada Gloria Pires, que completa hoje 50 anos de vida. A idade, aliás, é quase igual ao tempo de sua carreira. Filha de Antônio Carlos Pires e Elza Marques Pires, Gloria iniciou sua trajetória no meio artístico com apenas 5 anos na abertura da novela "A Pequena Órfã, da TV Excelsior. E a partir dessa primeira aparição ficou bem claro que seu futuro na televisão já estava traçado, afinal, Dionísio Azevedo, diretor da trama que foi conquistado pelo carisma dela, a tinha convidado para integrar o elenco das crianças da novela.
Porém, uma hemorragia nasal acabou afastando Gloria. Mas ela não tinha mais escapatória, sua vida seria voltada para as artes dramáticas de qualquer maneira. Por causa da influência de Antônio Carlos Pires, o diretor resolveu colocá-la como uma espécie de dubladora da atriz principal que havia sido afastada por questões de contrato. E foi depois dessa curiosa experiência, sua carreia foi de fato iniciada.
Ela estreou fazendo uma participação no "Caso Especial" em 1972 e depois, no mesmo ano, entrou em sua primeira novela: "Selva de Pedra", de Janete Clair. Em 1973 e 1976 participou de mais duas obras da mesma autora: "O Semideus" e "Duas Vidas". Já em 1978 fez parte do imenso sucesso "Dancing Days", interpretando
Marisa, a filha da protagonista Júlia Mattos (Sônia Braga). A sua atuação lhe rendeu o prêmio ---- o primeiro de muitos ---- "APCA" (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de atriz revelação.
A sua primeira protagonista veio em "Cabocla" (1979), onde viveu a tímida Zuca. Após mais esse bem-sucedido trabalho, integrou o elenco de "Água Viva" (1980), "As Três Marias" (1980), "Louco Amor" (1983), "Partido Alto" (1984), "O Tempo e o Vento" (1985) e "Direito de Amar" (1987). Em 1988, Gloria Pires adiou sua lua-de-mel depois que recebeu o convite de Dennis Carvalho para interpretar a inesquecível vilã Maria de Fátima, no fenômeno "Vale Tudo". Não precisa dizer que foi uma das decisões mais acertadas da sua vida. A atriz deu um show ao lado de Regina Duarte, que vivia sua mãe (Raquel), e entrou para a história da teledramaturgia com sua ambiciosa personagem.
Em 1990 atuou em "Mico Preto" e em 1991 participou de "O Dono do Mundo".
Já em 1993 viveu um dos maiores desafios de sua carreira ao interpretar gêmeas no remake de "Mulheres de Areia": as irmãs Ruth e Raquel. Gloria foi tão magistral nessa obra, que conseguia emocionar na pele da bondosa Ruth e despertava raiva na pele da inescrupulosa Raquel com a mesma competência. No ano seguinte, a atriz recebeu inúmeros prêmios após participar da impecável minissérie "Memorial de Maria Moura", onde viveu a corajosa Maria Moura.
No ano de 1996, a atriz não ganhou uma boa personagem. Em o "Rei do Gado, trama de Benedito Ruy Barbosa, Gloria viveu Marieta/Rafaela uma espécie de antagonista que não deu certo. Porém, em 1997, a atriz voltou a trilhar o caminho do sucesso ao interpretar a babá Nice, no remake de "Anjo Mau". A novela alcançou elevados índices de audiência e sua interpretação na pele da protagonista ambiciosa foi elogiadíssima. Tanto que, ao contrário da obra original, Nice acabou tendo um final feliz ao lado de seu amado, escapando da morte.
Mas depois de mais um êxito, Glória acabou atuando em duas novelas fracassadas: "Suave Veneno" (1999) e "Desejos de Mulher" (2002).
No entanto, apesar das obras não terem sido bem-sucedidas, a atriz conseguiu brilhar nas duas tramas, recebendo um merecido destaque. Em 2005, Glória viveu a Júlia Assumpção em "Belíssima", sucesso de Silvio de Abreu. Suas cenas ao lado de Tony Ramos (Niko), Fernanda Montenegro (Bia Falcão) e grande elenco foram espetaculares do início ao fim. No ano de 2007, foi a vez de se destacar em "Paraíso Tropical" (obra de Gilberto Braga e Ricardo Linhares), vivendo novamente um par romântico com Tony (Antenor). Aliás, par que já tinha se repetido no cinema com fenômeno de bilheteria "Se eu fosse você" (2006) ---- o filme ainda ganhou uma continuação que conseguiu um número ainda maior de espectadores em 2008.
Já em 2011, a atriz roubou a cena na pele da vingativa Norma em "Insensato Coração".
A obra sofreu inúmeras críticas e teve uma baixa audiência, no entanto, sua personagem acabou virando a grande protagonista da trama e a responsável pelos poucos elogios que o folhetim recebia. Foi mais uma interpretação marcante em sua carreira. Sua última novela até então foi "Guerra dos Sexos", vivendo a doce e amorosa Roberta Leone. O remake de Silvio de Abreu também passou longe do sucesso, mas a atuação da atriz mais uma vez evidenciou seu imenso talento. Destaque para as cenas em que atuava ao lado de Irene Ravache (Charlô) e Reynaldo Gianecchini (Nando).
Mas não é só a televisão que faz parte de sua vida.
O cinema também está incluído na trajetória dela. Após ter participado de vários longas ---- entre eles os já citados "Se eu fosse você 1 e 2", "O Quatrilho" (1995), "A Partilha" (2001), "O Primo Basílio" (2007) e o aclamado "É Proibido fumar" (2009) -----, atualmente Glória pode ser vista no elogiado filme "Flores Raras", vivendo uma homossexual. A atriz ainda disse que o desafio de interpretar a primeira personagem lésbica de sua carreira não foi um problema e sim uma solução.
Gloria Pires chegou aos 50 anos carregando um currículo invejável. Sua bem-sucedida carreira se deve ao imenso talento que a consagrou como uma das mais respeitadas e queridas atrizes brasileiras. E uma atriz desse nível não merece ser parabenizada somente no seu aniversário, merece ser parabenizada todos os dias. Parabéns, Gloria. O Brasil te ama.
Fonte:
Comentários