Fabio Fabrício Fabretti fala sobre a convivência com Gloria Pires

Um dos autores de '40 anos de Gloria' fala sobre a convivência com Gloria Pires
Gustavo Leitão


RIO - Lá se vão quase dez anos desde a primeira vez que Eduardo Nassife apresentou a Gloria Pires sua ideia de fazer um biografia. Nesta segunda, dia 5, às 18h, na Megastore Saraiva, do Shopping Center Rio Sul, finalmente será lançado o fruto dessa empreitada: "40 anos de Gloria". O livro, que acabou não adotando o formato biográfico tradicional, conta a trajetória da atriz, que fez da TV sua principal plataforma de trabalho.

Escrita por Nassife e Fábio Fabrício Fabretti, a obra (Geração Editorial, R$ 39,90) é uma espécie de almanaque, com 346 páginas e mais de cem imagens garimpadas de arquivos pessoais e de divulgação. Os textos esmiúçam cada lance de uma carreira que começou ainda na infância, aos 4 anos, quando, levada pelo pai, o ator Antônio Carlos Pires, Gloria estreava na novela "A pequena órfã", da TV Excelsior. Depois, viriam sucessos como as novelas "Dancin' days" (1978), "Cabocla" (1979), "Vale tudo" (1988) e "Mulheres de Areia" (1993), além da minissérie "Memorial de Maria Moura", um dos trabalhos favoritos da atriz.

Veja abaixo uma entrevista com Fabretti (foto):

Imagino que o projeto tenha partido de um interesse anterior sobre a carreira da Gloria. Mas havia algum aspecto da vida dela que vocês ignoravam totalmente antes de começar a pesquisa? Que revelação mais impressionante vocês encontraram nesse caminho?

Sempre admirei o trabalho da Gloria como um mero espectador. Não a conhecia pessoalmente e muito menos sabia de certas passagens da sua vida. Mas para mim ela já fazia um grande diferencial, justamente por ser uma atriz atípica, de cinema e tevê. O que mais me impressionou quando conheci a Gloria, através do Eduardo, que me convidou para o projeto, foi o olhar dela. Gloria tem um olhar profundo, de quem vê por dentro. Comentei isso com o Eduardo na época, e acho que já até falei para ela. Seus lhos são muito expressivos e ao mesmo tempo misteriosos. A pessoa da Gloria também é uma grande surpresa, pois ela pertente a uma geração que não é deslumbrada com o sucesso, que tem talento nato e batalhou para chegar até aqui. Isso é o que mais me atraiu nela. Sua mistura de humanismo com seu potencial de atriz.

Vocês são jovens, portanto não pegaram o início da carreira da Gloria. São duas perguntas em uma: qual a primeira memória forte que você tem da presença dela na TV e como fizeram para botar em contexto esse início, que não tem uma conexão emocional tão forte com vocês? Deu para avaliar, pelas entrevistas, o impacto que tiveram as primeiras novelas dela?

Sou um pouco mais velho que o Eduardo, portanto pertenci à geração dos anos oitenta, quando eu estava em plena adolescência. Lembro de Gloria nas cenas da novela "Vale Tudo", com sua personagem marcante, Maria de Fátima. Depois, nos anos noventa, as gêmeas Ruth e Raquel e Maria Moura. Porém, foi em "O Quartrilho" que ela me ganhou, na cena em que entra na igreja arrastando os filhos e dá um sermão no padre, em meio a missa. Sou descendente de italiano e o filme já soava como uma grande referência para mim. E Gloria atuando nele foi um casamento perfeito. Ela tem a determinação e a fortaleza das mães. Todos que trabalharam com ela são encantados pela pessoa e pela atriz, só dizendo coisas boas. Citar o nome da Gloria é receber um sorriso em troca. E quando você a conhece pessoalmente, descobre o quanto ela é engajada em trabalhos sociais e preocupada com o lado humano das pessoas e do mundo, e passa a entender mais ainda o motivo das pessoas tanto a venerarem.

Em um meio em que a exposição da vida pessoal parece hoje ser parte do jogo, a Gloria consegue se preservar. Como você definiria a personalidade dela? É uma mulher discreta por natureza ou você acha que ela faz um esforço consciente para evitar a superexposição?

Gloria é autêntica e sabe muito bem o que quer e o que faz. Ela não deve nada a ninguém. Construiu sua carreira com muito esforço, possui uma família muito digna e batalha o seu dia a dia como todo cidadão, cumprindo os seus direitos e deveres. O foco do nosso livro é a sua carreira, comemorar os quarenta anos de trajetória artística, e foi isso que fizemos. O lado pessoal conta sim, claro, pois há um grande ser humano por trás daquela grande atriz, mas isso não foi um fator determinante, principalmente para alimentar histórias negativas, enganosas e sem fundamento.

Vocês comentam que Gloria ficou reticente quando apresentaram o projeto, por achar cedo para ter uma biografia. O trabalho de convencimento foi difícil? Qual foi o argumento decisivo de vocês?

No começo de tudo, há quase dez anos, quando o Eduardo propôs a biografia à Gloria, ela achou cedo. Mas quando entrei para o projeto, há cerca de dois anos, ela de imediato achou ótima a ideia e se propôs a ajudar. Foi natural e muito bom. Escrever esse livro me fez rir e chorar, por me lembrar de muitas coisas pessoais. Escrever um livro de ficção é bem diferente de escrever uma biografia. E ambos me atraem. Este livro foi um trabalho muito especial em minha vida, num momento muito importante. Acreditamos, Eduardo e eu, assim como Gloria, que tudo acontece em seu tempo certo, e assim foi.
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Fonte de pesquisa:
Geração Editorial (Fotos)
O Globo - Revista da TV (Link original, aqui)
Nota:
Em esclarecimentos a página de O Globo deixa bem claro que não permitem a utilização de seus conteúdos para fins comerciais ou profissionais, estou repostando o texto que se encontra na página original meramente como um informativo aos fãs da atriz Gloria Pires e sem pretensão alguma de se enquadrar em "comercial/profissional". Uso o texto que tem os créditos de Gustavo Leitão e aqui no blog fiz algumas alteraçõs tais como: Negrito, itálico e inclui duas fotos da biografia.

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